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Camaradas de armas

por Antonovsky, em 04.07.07

Esta semana telefonou um amigo meu com o qual eu não falava há algum tempo. Tivemos juntos na vida militar durante uns bons anos e a amizade ficou para sempre.  Depressa dei por mim a rir ás gargalhadas e com alguma saudade ao recordar os amigos e as histórias passadas naquele período.

Fui militar durante 8 anos na Força Aérea Portuguesa, entrei como voluntário aos 19 anos de idade e depois de tirar a especialidade (curso) na "famosa" Ota, passei por quase todas as Unidades deste ramo militar. No entanto, para além  das experiências vividas, incluindo recruta, baptismo de vôo , muitos serviços de 24 horas, cerimónias militares, praxes, jantares de apresentação e despedida, etc, etc. ... O que fica para além das nossas memórias, são as amizades que se fazem durante este período com pessoas dos mais diversos pontos do país e que, provavelmente, só nos encontramos nesta vida devido a esta experiência comum.

O que é interessante é que podemos não falar durante muito tempo, mas se nos encontramos nalgum sítio, quer seja combinado ou de surpresa parece que não nos víamos "apenas" desde ontem. Existe uma mística qualquer neste tipo de amizades, já via isso pelos homens mais velhos que recordavam com saudade a sua vida militar e agora também a mim me acontece. Não sei se é por partilharmos vivências marcantes numa fase da vida que é vivida com intensidade, cheia de projectos e objectivos...é a passagem da juventude para a idade adulta, a independência financeira (no caso dos contratados e os de carreira), são as novas responsabilidades que surgem. Até mesmo a experiência de "tirar" a carta de condução e adquirir os primeiros carros ou motas, as conquistas amorosas, etc... existe uma cumplicidade muito grande entre os camaradas de armas e penso que todos os homens e mulheres que passaram pela vida militar têm esta sensação.

Ás vezes, quando vejo reuniões de antigos combatentes que se encontram uma vez por ano em jantares ou almoços com o principal motivo para não perderem o contacto, ainda admiro mais aquelas amizades. Pois desenvolveram-se de certeza em situações bem mais arriscadas e perigosas, onde tinham de confiar sua vida no camarada do lado. Deverão ter histórias bem mais intensas e laços de amizade bem fortes, como de irmãos de sangue se tratassem. 

Mas a cumplicidade e aquela mística, que não se explica muito bem, está sempre presente. E é com um certo orgulho que dizemos: Eu estive lá.

 

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publicado às 08:36


4 comentários

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De daplanicie a 04.07.2007 às 18:48

Casada com um militar há 27 anos entendo perfeitamente do que fala. É de tal forma quem quem não pertence à "irmandade" frequentmente se sente um outsider. :-)
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De Antonovsky a 05.07.2007 às 12:07

Acredito que sim. Por acaso também estive em Base Aérea n.º 11 - Beja. Foram 4 anos espectaculares :)
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De Anónimo a 09.07.2007 às 00:48

No próximo ano faço 20 anos de "armas" e, embora esteja afastado das lides militares, sempre que posso lá estou, seja no almoço dos "comunicativos" (telegrafistas/sinaleiros), seja no dos submarinistas. É sempre bom recordar os velhos camaradas, as histórias da caserna, as grandes patranhas que um ou outro se vangloria. Enfim, termos a possibilidade de ver, num espaço de tempo considerável, as mudanças físicas e comportamentais daqueles que, em tempos, foram os nossos companheiros quotidianos. Espero continuar a vivenciar com a maior alegria esses momentos que, de uma forma ou de outra, sedimentam as tão necessárias relações sociais.
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De Antonovsky a 01.01.2012 às 21:08

Sem dúvida uma experiencia marcante. Obrigado pelo coment.

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