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O Soft Power “Sagrado” da Europa

por Antonovsky, em 25.07.15

O que é a União Europeia para os portugueses? A maioria dos portugueses saberá quais as missões/objetivos das principais instituições europeias (Comissão, Parlamento…)? O que realmente queremos que UE seja?

Infelizmente, uma substancial parte da população não dá muita importância às eleições europeias, inclusive, por vezes, os partidos políticos que vêm mais uma oportunidade de “medir o pulso” ao eleitorado para saber como as políticas internas estão a ser assimiladas, do que propriamente discutir e apresentar um plano estratégico sobre os objetivos a alcançar e políticas e ideias a defender.
Portugal é membro de pleno direito da União desde 1986 (CEE, naquele momento), e desde aí muitas coisas mudaram no mundo, uma das principais foi o “desmantelamento” da União Soviética, simbolicamente ilustrado com a queda do muro de Berlim, o fim do pacto de Varsóvia, etc.. Os valores europeus ocidentais da paz, da democracia e do desenvolvimento tinhamUE.jpg vencido barreiras que se julgavam há uns anos intransponíveis e a Europa podia agora ter uma oportunidade de se unir através da livre circulação de pessoas, bens e capital, num espaço económico livre alargado a leste.
Houve processos de transformação política, social e económica da Europa com os vários tratados que promoviam uma união cada vez maior, abdicando, os países, de alguma soberania, em prol de uma maior integração e de uma instituição mais forte no paradigma mundial. Que fez, inclusive, o filósofo e economista (futurista) Francis Fukuyama, falar que a Europa atravessava o período “pós-história”, dado que estava num estado civilizacional deveras avançado.
Porém enganou-se, o sistema político-económico evoluiu e foi desvirtuando os objetivos para os quais a União Europeia está baseada e os desafios são muitos e complexos. A União está longe de ser coesa, no que respeita aos mais variados objetivos, dado que cada país defende a sua agenda interna e as políticas europeias que mais lhes dão vantagens. Há um grande desequilíbrio entre os Estados (Norte-Sul) e a solidariedade entre estes é discutível.
A Politica Externa de Segurança Comum (PESC) está no papel, tem uma Alta Representante para os Negócios Estrangeiros, mas sabemos que nem sempre se fala a uma voz, quando deveria ser bem definida e complementada com uma Política Europeia de Segurança Defesa (PESD) para dar uma resposta em tempo útil e eficiente às crises que proliferam no mundo.
A UE tem de se assumir como um ator principal no paradigma mundial, de uma forma esclarecida e firme, nela devem estar defendidos os valores da paz, da democracia, dos direitos humanos, do desenvolvimento económico e prosperidade dos povos e não uma burocracia enfadonha, repleta de tecnocratas, teóricos experimentalistas. Deveria utilizar, o agora famoso “soft power” (sagrado), do diálogo, da influência ideológica e diplomática, mas robusta e sem reservas daquilo que representa e defende. E se dúvidas há, podemos perguntar qual a intervenção politica no que respeita à “primavera árabe” (o Magrebe aqui tão perto, situação de emigração clandestina), à situação da Síria (tragédia humanitária), à situação da Ucrânia (que apela para uma maior aproximação europeia).
Vivemos numa “aldeia global” e não é apenas um só país como Portugal, Espanha ou mesmo a Alemanha tem algum poder de negociação com potências económicas com recursos muito superiores como Rússia, EUA, China, India. Porém, uma Europa UNIDA pode e DEVE ter um papel influente no rumo dos acontecimentos globais.

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publicado às 23:47



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