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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Com a globalização e o mercado livre a comandar as operações, o "Ocidente" pensou que a China torna-se-ía num bom gigante, mais ocidentalizado, mais democrático, liberal, etc, no entanto, descurou o potencial da China e de outros países emergentes, quer de crescimento, quer de população, quer ainda de concorrência com regras diferentes. Isto é, num mercado liberalizado, a mão de obra mais barata, a inexistência de normas ambientais (ou poucas), fiscalidade menos "apertada" e outras regras e politicas facilitadoras dá vantagem a determinados países em relação a outros que têm de cumprir regras mais apertadas e garantir direitos conquistados pelos seus trabalhadores.
Este facto e com a crise a assolar desde 2008, os países ocidentais que, por sua vez, já tinham atingido um patamar de evolução e de bem-estar mais elevado na sociedade, estão a ficar cada vez mais "chineses" reajustando as regras, retirando direitos adequiridos aos trabalhadores para um nível há muito ultrapassado pela história desses mesmos países. Houve (está a haver) uma regressão nos direitos do trabalho, quer também nos direitos sociais e por vezes, humanos, tudo em nome de uma competitividade cega e de expansão de números de crescimento.
A economia tem sido o motor, talvez o mais importante, do desenvolvimento da sociedade humana, mas também está a ser um factor de "aniquilação" do Homem enquanto ser humano livre e igual.
Hoje em dia há a tendência de que quem "interpreta" bem a sociedade são os economistas (os grande gurus, quase roçando os antigos profetas). Não tendo nada contra esta especialização, penso que devemos ir muito para além dos números e dos seus efeitos "causa/consequência", pois há que ter em conta a parte humana, emocional, psicológica e cultural da sociedade que não é mensurável. Por isso, muitas vezes as "tabelas excel", cálculos e formulas não batem certo com a realidade concreta, onde os agentes são PESSOAS que, como todos sabemos, na sua diversidade, para cada acção pode haver diferentes reacções... Se não alargarmos o leque de "interpretação" social, política, económica, etc., vamos sempre necessitar de ajustamentos porque as previsões irão constantemente falhar. Há muita falta de visão a longo, médio prazo e por isso é mais fácil "agarrarem-se" aos frios e infalíveis números e aos seus déspotas, os mercados.
A Europa mergulhou numa recessão organizada pela filosofia alemã da “austeridade” (há uma velha tradição na Alemanha de “filosofia da miséria” e de “miséria de filosofia”…) e imposta por uma imperial Merkel, assessorada pelo BCE, FMI e uns tecnocratas neo-liberais bastante ignaros. O desastre é agora evidente e está bem espelhado na estagnação económica do Velho (demasiado velho?) Continente. Como o aponta a revista dos meios económicos franceses L’Expansion. “Le PIB de la Grèce s’est effondré à 6,4%, suivie par le Portugal en chute de 3,2%, l’Italie de 2,2% et l’Espagne de 1,37%. Il est désormais acquis et reconnu meme par le FMI que les plans d’austérité sont allés trop loin dans la brutalité en enfonçant ces pays dans la récession. L’amélioration de la compétitivité – en clair la baisse des salaires – tarde encore à produire des effets suffisants pour relancer la machine économique et compenser l’effondrement de la demande intérieure. Y compris dans l’Italie de Mario Monti, présentée comme un modèle de réformes économiques. D’autant que ces pays sont encore promis à une nouvelle année de récession en 2013.” Barack Obama tem toda a razão: “A austeridade não é um programa económico”. Devíamos pedir-lhe para vir a Lisboa explicar esta evidência ao pobre do Gaspar e quejandos.
fonte: http://inteligenciaeconomica.com.pt/?p=16608