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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Porque é que nas telenovelas os gémeos quase sempre foram separados à nascença e não se conhecem? Porque é que têm de ser sempre o oposto? Se um é rico o outro é pobre, se um é bom ou outro é mau.
Porque é que os "maus" que passam tantos episódios a fazer mal, a chantagear, a "bolar" esquemas, etc , só são castigados no último episódio? Acho injusto. Por mais cruel que seja, é um castigo pequeno, dado que se a novela tem 250 episódios eles ganham durante 249 aos "bonzinhos" :( com a agravante de que quando a história tem só gente boa e feliz....acaba.
Porque é que há sempre famílias ricas e poderosas e famílias pobres e cómicas cujas histórias se interligam? Podia haver uma novela só com ricos ou só com pobres para ser um pouco diferente (não sei se existe ou já existiu, mas duvido).
Estou tentado a escrever um guião com histórias de apenas um estrato social, onde cada casal tem filhos gémeos que se conhecem desde sempre e não se conseguem distinguir (nem o telespectador) assim os actores que desempenham o papel não precisam de se caracterizar. Por outro lado, os maus serão sempre castigados ao longo da história, estilo coiote e papa-léguas, sempre que inventa uma artimanha cai no precipício ou explode com a sua armadilha. Só no último episódio os maus poderiam levar a melhor, os divórcios aconteceriam e os gémeos se tornariam tão distintos como a água do vinho. Acho que esta novela deveria permanecer no ar apenas um único episódio.
Sejam como forem as telenovelas vieram para ficar. Desde o estrondoso sucesso de Gabriela, têm sido uma constante na nossa TV. Nos últimos anos também as nacionais têm dado cartas nas audiências, o que é bom para o produto nacional.
Como telespectador, confesso que não contribuo na actualidade para o seu sucesso, mas mentiria se dissesse que nunca tinha seguido nenhuma (poucos portugueses devem poder dizer isso). Todavia, acho que neste momento são transmitidas em demasiado número, de qualidade duvidosa e em todos os canais nacionais, à excepção do canal 2, mas quem sou eu para opinar, se têm audiências, pois então siga a marinha.... quero dizer novela.
Eu sou a favor da desburocratização, sempre fui e sempre serei. Detesto papeladas e formulários que se têm de preencher com muito cuidado e a letra maiúscula, que fazem tanto stress nas pessoas que acabam por se enganar quase sempre e ter de preencher outro. Detesto as voltinhas que nós temos de dar quando queremos determinados documentos ou serviços, pensamos que temos toda a papelada e quando chega a nossa vez falta sempre qualquer coisa para termos de voltar para o fim da fila ou voltar no outro dia.
Nesse sentido, verdade seja dita o Governo tem apresentado algumas medidas que facilitam o cidadão no acesso a determinados serviços. A aposta no "choque tecnológico" e o "Simplex" não é perfeita, mas melhorou substancialmente algumas coisas. No entanto, há muita coisa por fazer principalmente ao nível de mentalidades. Leiam com atenção este caso escrito pelo Redactor Principal do Correio da Manhã João Vaz. Dá que pensar...
"...Contaram-me um caso exemplar: um bracarense, informado e razoavelmente simplex, que perdera a carta de condução, dirigiu-se ao respectivo departamento público para pedir uma 2.ª via. Muniu-se dos documentos necessários e esperou longamente pela vez. Após mais de uma hora perdida, foi atendido. Azar, não adivinhou que, além da apresentação dos documentos, tinha de entregar uma fotocópia do bilhete de identidade. Perguntou se não a poderiam fazer no próprio serviço e recebeu um não. Desesperado por ter de ir fazer a fotocópia fora e voltar para o último lugar da fila de atendimento, reagiu. Pediu o livro de reclamações já conhecido como a ‘cunha dos teimosos’. No caso, não resolveu nada, mas fez explodir a contradição. Como é das normas, o funcionário pediu-lhe o bilhete de identidade para tirar uma fotocópia e juntar à queixa. O que lhe fora recusado quando pediu, acabou por lhe ser solicitado quando reclamou
Para crescer e proporcionar melhores condições de vida, Portugal necessita de um simplex nas mentalidades..."
É preciso dizer mais :P
Quando somos crianças ou jovens, ansiamos pela maioridade, surgindo como uma fronteira física e palpável que nos dá plenos poderes sobre a nossa vida. A independência das próprias decisões, da própria vontade sem pedir e sem consultar ninguém, apenas se for essa uma opção nossa, está ali ao nosso alcance.
A sensação que podemos fazer o que queremos a partir daquele ponto de viragem para a idade adulta parece real, basta apenas seguir as leis estabelecidas na sociedade (ás vezes), e o resto nada importa, o problema é nosso, ninguém tem nada a ver com isso.
Só que as coisas não são assim tão simples. Mesmo que com a maioridade venha a independência económica, o que é hoje em dia muito raro, as responsabilidades são cada vez maiores assim como o peso das nossas opções, decisões, escolhas. Vejamos:
Normalmente, depois da independência conquistada aos pais e aos professores, temos o Patrão/Chefe. Se formos ricos e donos de uma empresa teremos a pressão dos accionistas, sócios, parceiros de negócios etc... Dificilmente teremos a liberdade de decidir só pela nossa cabeça.
Entretanto, na vida pessoal se amarmos alguém de verdade, as decisões passarão a ser tomadas a dois e mais tarde se filhos houver também terão de ser levados em conta. É claro que esta parte não nos apercebemos em criança, mas geralmente temos bastante peso nas decisões dos nossos pais, não em questão de opinião, mas na preocupação com o nosso bem estar e segurança. Só nos apercebemos disso quando somos progenitores também.
Deste modo, andamos nesta vida pessoal e laboral, ansiando a maioridade e independência dos nossos filhos e a reforma do trabalho (que cada vez está mais longe) para finalmente podermos gozar a nossa liberdade.
Quando finalmente atingimos a idade da reforma, (se lá chegarmos e ela existir) estamos a um passo de não ter saúde suficiente e nos tornarmos dependentes .... outra vez.
Portanto, fazendo um esforço para me lembrar de um homem completamente livre nas suas decisões...talvez o Tarzan até surgir a Jane na sua vida ou o Robinson Crusoe na sua ilha. :P