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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Fui militar na Força Aérea Portuguesa durante 8 anos. Nunca me tinha passado pela cabeça ser um militar "profissional", simplesmente foi uma oportunidade de emprego. Não fazia a mínima ideia dos postos militares dos Oficiais, Sargentos e Praças nas Forças Armadas, pois não tinha nenhum militar de carreira na família, nem sequer conhecido e, devo dizer, que também não procurei informar-me.
Por tudo isto, não é de estranhar que quando fui "voluntariar-me" aos 18 anos, no Centro de Recrutamento Militar, na Avenida da Liberdade em Lisboa, ia com a ideia de frequentar um curso de Cabo Especialista (mecânico de aeronaves, electrónica, ou qualquer outro que tinha visto no anúncio da TV) para mais tarde, sabendo que seria um contrato a termo certo, pudesse exercer uma actividade no mercado de trabalho civil. Quando lá cheguei e dei os meus dados, a senhora que me atendeu disse-me que tendo o 12º ano de escolaridade podia concorrer para oficial miliciano (contratado). Melhor ainda, pensei eu, e aguardei que me chamassem para testes psicótecnicos, médicos e físicos.
Foi uma experiência muito interessante conhecer gente de todos os cantos do país, incluindo Açores e Madeira, reunidos na Base do Lumiar, todos nós com a uma chapinha identificativa com a palavra Old fashion - "Mancebo". Também foi enriquecedor fazer uma panóplia de testes psicotécnicos e psicomotores que jamais tinha visto. Mas acima de tudo, foi interessante observar os nossos comportamentos: os nervosos, os faladores, os calados, os ansiosos, os engraçados, os com medo de falharem por serem magros demais ou gordos demais, ou por terem óculos, ou ainda porque já tinham chumbado uma vez nos testes para piloto e tentavam agora outras especialidades.
No que respeita á minha pessoa, é claro estava nervoso e nessa altura da minha vida era mais calado e observador. Porém, penso que a minha vantagem foi a ignorância de ser a primeira vez neste tipo de selecção e a ausência de grandes espectativas ou sonhos em relação à Instituição em que estava prestes a entrar.
Fiquei muito admirado com a cultura técnico-militar (vamos chamar-lhe assim) de alguns concorrentes. Não só sabiam muitas coisas da organização militar, como de ...Aeronaves. Muitos exibiam os seus conhecimentos enumerando os todos modelos que a FAP tinha na altura, assim como a sua tipologia (caça, intersecção, transporte, busca e salvamento, comunicações...) bolas, pensei eu (quantos motores tinham, hélices ou jactos) tou feito, não tenho hipotese nenhuma com estes tipos.
Mas lá fui passando as fases e fiquei "dentro das vagas" que estavam em aberto. A remuneração era aliciante. Após a recruta (de apenas 2 meses) passaria de Soldado-cadete a Aspirante-a-oficial e passado um ano promovido a Alferes. Tinha apenas de frequentar com aproveitamento um curso de formação de oficiais de cerca de 9 meses, no Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea situado na, actualmente tão célebre, OTA.
O Curso? Técnico de Manutenção de Material Aéreo.
Sabia alguma coisa de aeronaves? Não.
Já tinha voado alguma vez? Não.
Gostava da perspectiva de voar? Hummm, nem por isso.
Adaptei-me bem? Não podia ter melhor adaptação.
(TO BE CONTINUED)