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A Justiça Portuguesa e o Texas Ranger

por Antonovsky, em 27.06.08

Parece que estou a ver a cena... Após a leitura formal da sentença num Tribunal improvisado e sem condições, o arguído salta de pé em riste e atinge o homem de capa negra que presidia a audiência e, é claro, depois a confusão foi geral. Deveria parecer um arraial dos Santos Populares quando as coisas dão para o torto após muita cerveja e tintol, gera-se uma confusão que já não se sabe quem bate em quem, polícia, arguídos, familiares, advogados, funcionários, no meio de palavrões e ameaças a incitar, outros aos gritos para acalmar...enfim deve ter sido uma cena linda (estou a ser irónico, deveria notar-se pela minha expressão ou tom de voz, mas como isto é escrito, tenho de esclarecer) Portugal no seu melhor.

Meus amigos, nem com vinte polícias esta situação podia ser evitada, pois a uma distância de dois metros (segundo dizem) são dois passos que se dão ainda com maior rapidez quando se está enervado.

Mas o mais interessante é que parece que começa a ser habitual estas "revoltas" dos arguídos em pleno tribunal. O respeito começa a ser cada vez menos, começando nas escolas onde se retira toda a autoridade a quem deve ensinar/educar, depois passa pelas agressões aos polícias que ficam por julgar, sendo cada vez mais comum numa sociedade onde todos têm direitos, mas ninguém parece ter deveres e quando confrontados com algo que fizeram incorrectamente socialmente ou criminalmente, as pessoas discutem e agridem violentamente como se tivessem a razão do seu lado ou porque foram alvo de uma "cabala", ou ainda, porque a vida não lhes deu outra alternativa. 

Agora chegou aos tribunais, onde já não lhe dizem nada aqueles homens vestidos formalmente em audiência e que aplicam (pelos menos, devem aplicar) as leis pelas quais a sociedade portuguesa se rege. 

Porém, há outra coisa que contribui para esta revolta que é a impunidade aparente de certas figuras mediáticas que conseguem contornar a justiça. Estou a lembrar-me de casos mediáticos de presidentes de câmara e dirigentes desportivos, de fugas para o estrangeiro de arguídos e condenados e que depois voltam em grande ou se passeiam "lá fora" na maior das descontracções. Há ainda casos de figuras mediáticas que discutem em plena audiência com juizes, procuradores e polícias e saem como se nada tivesse acontecido. Depois há ainda os longos processos que se arrastam no tempo e que faz com que todos nós já temos a sensação que a "montanha vai parir um rato" e que ninguém fica preso ou que só fica apenas um para dar o exemplo, etc...

Tudo isto vem dar força aos outros que, sem tusto no bolso ou sem conhecimentos, não podem ou não conseguem dar a volta como os outros dão e acham-se injustiçados, não porque fizeram mal, mas porque outros fizeram mal e estão em liberdade.

Meus amigos, a justiça que deve ser cega, e deve doer seja a quem for, tem de funcionar de um modo transparente e correcto. Com condições de trabalho que vão desde o polícia de rua, de investigação, funcionários dos tribunais, procuradores e juizes, até ao cidadão-vítima que pede justiça e que tem direito a ser atendido no seu pedido e que por vezes é muito esquecido em todo o processo, pois fala-se muito nos direito dos arguídos (que obviamente têm de ter num Estado democrático e de direito) mas se esquece do desgraçado que foi prejudicado, maltratado ou pior.

Uma justiça credível é um dos pilares base para uma sociedade civilizada e agregada, caso contrário caminha-se para a desordem e o caos (exagerando um pouco, espero eu).

Faz falta um Texas Ranger estilo Chuck Norris, em português tinha de ser o Chico Nozes, ou um polícia João Claúdio (Van Damme) que fazem das coisas mais complicadas, coisas simples. Os maus vão presos e os bons vão para o bar com os amigos ou ficam com a míuda, não existem processos, papeladas, relatórios, é só rua, perseguições, uns socos e pontapés, uns tiros (aqui também morrem os maus) e pronto tá feito.

Fiquem bem.

 

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publicado às 22:26


Buzinão ou Buzissim?

por Antonovsky, em 17.06.08

Réplica de uma buzina de automóvel antigoHoje foi dia de mais um protesto contra o custo de vida, o aumento dos combustíveis e todas as outras coisas que nos chateiam e dificultam o dia a dia. Como sinal desse descontentamento convidava-se as pessoas a buzinar em determinados sítios e determinadas horas ou qualquer coisa do género (confesso que não tive muita atenção a este aspecto). 

O que eu acho interessante é que esta medida de descontentamento não é a mais indicada em Portugal. Porquê?

Porque, passámos do exagero que assistimos na semana passada com as medidas drásticas e, por vezes, ilegais de um determinado sector para com a sociedade e os seus próprios colegas, para um tipo de descontentamento que não se nota nas estradas portuguesas, que é o uso da buzina.

Meus amigos, se há coisa que em geral o português faz quando está a conduzir (para além de tirar uns macaquinhos do nariz quando está parado nos semáforos) é buzinar. Seja para cumprimentar os amigos que encontramos, seja protestar porque o outro condutor fez uma manobra perigosa segundo a nossa perspectiva, avisar que o semáforo abriu após um nanosegundo ter caído a cor verde, comemorar casamentos e vitórias desportivas, etc, etc.

O que é que nós escolhemos para protestar contra o custo de vida??? Buzinar.

 

 

 

 

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publicado às 21:21


Bruxels, we have a problem...

por Antonovsky, em 13.06.08

Pois é, aconteceu o que se estava à espera. O "NÃO" ao Tratado de Lisboa, venceu o referendo na República da Irlanda após umas expectantes e entusiastas campanhas, quer de pró-europeus, quer de eurocépticos.

Apesar do resultado ser muito próximo, cerca de 53% = NO, 47% = YES, o que é facto é que a população expressou a sua vontade, que não vai de acordo com os interesses do "projecto europeu".

Por esta razão, para evitar algumas situações embaraçosas como esta, muitos governos optaram por aprovar por maioria parlamentar ou outras formas de ratificação (de acordo com a organização legislativa/executiva de cada país), ficando a discussão e aprovação cingida às elites. Mas será que é a solução mais adequada?

Eu sou a favor de uma Europa Unida, pacífica e cooperante, que possa intervir como um actor global único no panorâma mundial. O velho continente passou por muitas provações ao longo da história e pode ter finalmente chegado a hora de se unir e ter uma só voz. Deixar de ser dependente dos EUA, apesar de manter sempre uma boa relação, mas poder decidir por si, ter uma política externa comum, ter objectivos fundamentais assentes na paz e na prosperidade. Tudo muito positivo.

Porém, penso que a "fusão/integração" de países numa União onde cada membro abdica um pouco da sua soberania em prol do interesse comum, é algo que leva gerações. Toda a diversidade cultural, social, a histórica, e até algumas rivalidades entre países, não se diluem da noite para o dia, nem se integram facilmente. É um processo demorado que terá de ser realizado não só pelas élites/cúpulas do poder, mas também e, sobretudo, pelos povos europeus que têm de conhecer o caminho por onde vamos, conhecer as suas vantagens e identificarem-se com ele.

Patch da missão Apolo XIIINeste momento o Chefe do Executivo Irlandês, Brian Cowen, fez-me lembrar o filme Apollo XIII, com Tom Hanks, baseado num caso verídico, onde uma missão tripulada espacial da NASA, está a ser bem sucedida, só que de repende surge um problema a bordo da aeronave que tem de ser resolvido. E o comandante da Missão comunica com a base operacional terrestre, com as seguintes palavras:

- Houston, we have a problem.

Neste caso, também com risco da missão falhar, o Primeiro-ministro Cowen já deve ter comunicado para os orgãos executivos da UE sediados em Bruxelas:

- Bruxels, we have a problem.

 

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publicado às 21:43

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