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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Conforme tinha prometido, vou publicar periodicamente alguns excertos dos trabalhos que realizei para o curso que estou a frequentar. Um deles foi sobre a Guerra Civil Espanhola.
Foi sempre um assunto que achei interessante e do qual tinha pouca informação, apesar de muito ser ter escrito e documentado sobre ele. Porém, como se sabe, foi uma especie de ensaio para o outro acontecimentos que surgiu pouco depois do seu final em 1939, a II Guerra Mundial, e que teve um maior impacto em todos os aspectos, ficando a Guerra Espanhola mais camuflada e em segundo plano.
Eu não vou descrever aqui todos os acontecimentos marcantes desta Guerra que durou cerca de 3 anos (Julho 1936 - Abril 1939), mas vou tentar dar uma ideia das consequências, do papel de Portugal e mais um ou outro dado interessante (penso eu).
Naquele período de tempo, quando as paixões ideológicas superavam todas as outras tornando-as numa questão de vida ou de morte, ninguém ficou indiferente quando eclodiu a Guerra Civil Espanhola. Todo a ira sentida, todo o rancor alimentado durante anos, podia ser expurgado naquele país da península ibérica.
Os pretextos para a violência foram-se juntando, os acontecimentos sucediam-se propiciando um clima de tensão, desconfiança e divisão da sociedade em extremos completamente opostos. O que era um assunto político interno de um país, extrapolou fronteiras e dele fizeram ensaio as potências protagonistas do conflito que se seguiria.
Antecedentes
A vizinha Espanha teve um século XIX de grande instabilidade, iniciado com as Invasões francesas, levando posteriormente a lutas entre absolutistas e liberais, mais tarde monarquicos e republicanos, e mesmo entre monárquicos. Teve mesmo a República implantada que durou cerca de um ano 1873/1874.
A culminar todo este período conturbado perdeu as suas colónias para o EUA, nomeadamente Cuba, Filipinas e Porto Rico, durante a Guerra Hispano-Americana, ainda antes do final do século, em 1898.
Com a I Guerra Mundial o desenvolvimento industrial em Espanha foi muito elevado, pois dinamizou toda a produção para fornecer os dois lados beligerantes. Porém, as condições de trabalho não evoluiram, e as classes operárias eram exploradas e no caso do sector agrário havia grandes latifundiários que também não davam grandes condições aos agricultores.
Tudo isto se passava com a concordância, ou pelo menos a inoperância das Elites governantes e da Igreja.
Começou a haver movimentos sindicalistas e repressão violenta de parte a parte com assassinatos de dirigentes destas organizações de trabalhadores, assim como de industriais e empresários.
Prevendo uma Guerra Civil, o Rei Abdicou e surgiu a 2ª República Espanhola com cariz de Esquerda e que estabeleceu medidas que retiravam muito poder à Igreja. Para uns tratava-se de uma perseguição, para outros estas medidas ainda eram escassas.
Após mais uns episódios, chegou-se à Eleições de Fevereiro de 1936.
Vários partidos políticos / Duas facções ideológicas
Simplificando as coisas, para as forças de Esquerda era preciso travar o avanço do fascismo que já havia conquistado Itália (1922), a Alemanha (1933) e a Áustria (1934). Segundo as decisões da Internacional Comunista, de 1935, elas deveriam aproximar-se dos partidos democráticos e formarem uma Frente Popular para enfrentar as vitórias nazi-fascistas. Desta forma Socialistas, Comunistas (estalinistas e trotskistas) Anarquistas e Democratas liberais deveriam unir-se numa Frente Popular para ascender ao poder por meio de eleições e inverter a tendência mundial.
A Esquerda espanhola estava dividida em diversos partidos e organizações:
PSOE (Partido Socialista Obreiro Espanhol) Socialistas
PCE (Partido Comunista Espanhol) Comunistas
POUM (Partido Obreiro da Unificação Marxista) Comunistas-trotskistas
UGT (União Geral do Trabalho) Sindical Socialista
CNT (Confederação Nacional do Trabalho) Sindical Anarquista
FAI (Federação Anarquista Ibérica) Anarco-Sindicalista
Aliaram-se com os Republicanos (Acção Republicana e Esquerda Republicana) e mais alguns partidos autonomistas (nacionalistas da Galiza, do País Basco e da Catalunha). Esta coligação, venceu as eleições de Fevereiro de 1936.
A Direita por sua vez estava agrupada na CEDA (Confederação das Direitas Autónomas):
Partido Agrário
Monarquistas e Tradicionalistas
Falange espanhola (Fascistas)
Para os nacionalistas, compostos por monárquicos, falangistas e militares de extrema direita, etc., tratava-se de uma cruzada para livrar o país da influência comunista e restabelecer os valores da Espanha tradicional, unida, autoritária e católica. Não aceita a derrota nas eleições e cria o Movimento Nacional para derrubar o Governo.
É um episódio triste da humanidade, mas que deve ser lembrado para que não se volte a repetir. (Continua)