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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Pois é, aconteceu o que se estava à espera. O "NÃO" ao Tratado de Lisboa, venceu o referendo na República da Irlanda após umas expectantes e entusiastas campanhas, quer de pró-europeus, quer de eurocépticos.
Apesar do resultado ser muito próximo, cerca de 53% = NO, 47% = YES, o que é facto é que a população expressou a sua vontade, que não vai de acordo com os interesses do "projecto europeu".
Por esta razão, para evitar algumas situações embaraçosas como esta, muitos governos optaram por aprovar por maioria parlamentar ou outras formas de ratificação (de acordo com a organização legislativa/executiva de cada país), ficando a discussão e aprovação cingida às elites. Mas será que é a solução mais adequada?
Eu sou a favor de uma Europa Unida, pacífica e cooperante, que possa intervir como um actor global único no panorâma mundial. O velho continente passou por muitas provações ao longo da história e pode ter finalmente chegado a hora de se unir e ter uma só voz. Deixar de ser dependente dos EUA, apesar de manter sempre uma boa relação, mas poder decidir por si, ter uma política externa comum, ter objectivos fundamentais assentes na paz e na prosperidade. Tudo muito positivo.
Porém, penso que a "fusão/integração" de países numa União onde cada membro abdica um pouco da sua soberania em prol do interesse comum, é algo que leva gerações. Toda a diversidade cultural, social, a histórica, e até algumas rivalidades entre países, não se diluem da noite para o dia, nem se integram facilmente. É um processo demorado que terá de ser realizado não só pelas élites/cúpulas do poder, mas também e, sobretudo, pelos povos europeus que têm de conhecer o caminho por onde vamos, conhecer as suas vantagens e identificarem-se com ele.
Neste momento o Chefe do Executivo Irlandês, Brian Cowen, fez-me lembrar o filme Apollo XIII, com Tom Hanks, baseado num caso verídico, onde uma missão tripulada espacial da NASA, está a ser bem sucedida, só que de repende surge um problema a bordo da aeronave que tem de ser resolvido. E o comandante da Missão comunica com a base operacional terrestre, com as seguintes palavras:
- Houston, we have a problem.
Neste caso, também com risco da missão falhar, o Primeiro-ministro Cowen já deve ter comunicado para os orgãos executivos da UE sediados em Bruxelas:
- Bruxels, we have a problem.