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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Actualmente estou a ler um livro intitulado "O Grande Livro dos Piratas", edição portuguesa de 1979. Não, não é sobre política, é mesmo sobre o mundo da pirataria, embora diga-se de passagem, ao longo da história a pirataria foi, na maior parte das vezes, instrumento de manobras políticas e diplomáticas entre países, impérios, religiões, etc.
A definição de pirataria é vasta e abrangente e varia de perspectiva conforme os períodos da história da humanidade, assim como, na perspectiva da vitima que os aplidava de piratas vagabundos, assassinos ou do "patrocinador" (nação ou soberano poderoso) que os elevava à categoria de heróis. Os nomes vão desfilando, as suas proezas alcançadas, os seus saques mais ricos, os seus ataques mais sangrentos, as suas personalidades vincadas.
Achei interessante uma passagem que retrata um pirata português (Bartholomeu, o português) do século XVII que actuava na zona das Caraíbas e começa logo assim: "Nunca se conheceu ninguém tão constantemente perseguido pelo azar (...) conseguiu capturar uma galé espanhola com 20 canhões e 70 homens a bordo, mas tal façanha custou a vida a quase metade do seu forte bando de apenas 29 homens. Para piorar a situação, foi detido por ventos contrários, até três navios espanhóis lhe caírem em cima, metendo-o na prisão." Bartholomeu conseguiu fugir e vagueando durante dias conseguiu chegar a um porto onde estava um aliado que, depois de um breve descanso, lhe cedeu um pequeno barco e 20 homens com o qual o português voltou ao porto onde estava a galé que tinha "assaltado" anteriormente. Desta vez conseguiu apresá-la, mas já tinha descarregado a sua mercadoria valiosa (600kg de cacau e 700 moedas de ouro). Desta forma, voltou com a galé vazia para a ilha Tortuga, mas no percurso.... naufragou. O resultado de tanto azar é descrito por Alexandre Olivier Exmerlin que desde os 21 anos se instalou na célebre ilha Tortuga e viajou nos navios piratas como cirurgião, relatando pormenorizadamente os acontecimentos: "Este pirata fez a vida negra aos espanhóis, mas tirou pouco proveito dos seus roubos, indo morrer na extrema miséria."
É caso para dizer: Triste fado português.