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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Como é bom viver no país ideal, livre, democrático, onde os recursos disponíveis são aproveitados de uma forma racional, lucrativa e sustentada, onde se procura maximizar os benefícios com o mínimo custo e impacto ambiental. Um Estado que estima a sua terra e o seu povo.
Temos quase uma independência energética assente em energias limpas e renováveis (eólica, solar e energia das ondas), graças a um território costeiro privilegiado quer na situação geográfica, quer no clima. É verdade, decidimos aproveitar o que temos e voltámo-nos novamente para o mar e para aquilo que ele nos dá, pedindo em troca “apenas” que o tratemos bem. Renovámos e modernizamos a frota pesqueira, a nossa Marinha e até embarcações de turismo e lazer e os nossos estaleiros navais voltaram a ter atividade e a dar emprego a muita gente.
Promovemos o Emprego junto dos jovens dando-lhes saídas académicas e técnico-profissionais adequadas às suas competências e opções, assim como, estágios que lhes atribuem experiência no mercado de trabalho e já não precisam de emigrar por necessidade.
Na Educação, apostámos na qualidade do ensino, nos profissionais e nas infraestruturas, alargámos a rede de escolas, o pré-escolar e até creches. Criámos condições para que as pessoas possam conciliar a vida profissional e a vida familiar e com o aumento de investimento veio mais emprego e com ele a taxa de natalidade subiu novamente.
Mas também para os mais idosos há programas para se manterem ativos e participantes nas comunidades. A mentalidade mudou e a maioria das pessoas de todas as idades voltaram a ajudar-se mutuamente nos seus bairros, nas suas freguesias, na resolução do pequeno pormenor onde o Estado não chega, num associativismo puro e livre, num exercício de cidadania saudável, trazendo qualidade de vida social.
Também a rede de transportes é moderna e corresponde às necessidades da população. Temos uma boa rede de estradas e a linha férrea cresceu e abrange todos os distritos de uma forma eficiente. Ainda nesse aspeto o nosso Porto de Sines com as suas águas profundas que permite a entrada de embarcações de grande calado é uma via aberta para as mercadorias do mundo para a Europa, sendo servido por uma linha férrea que as transporta para o interior do continente e os lucros são magníficos.
A Saúde é acessível para todos, quer na despesa, quer na distância, quer na prontidão do atendimento e na qualidade de profissionais e infraestruturas. A distribuição da rede hospitalar é bem organizada, assente na racionalização de meios, proximidade das populações e, claro, sustentável.
E muitas outras coisas que se poderiam acrescentar, como por exemplo no sector privado, até os negócios do sistema bancário são totalmente transparentes.
É verdade que descontamos muito dos nossos rendimentos nos impostos, mas não são para pagar dívidas de má gestão política e estratégia económica, nada disso, são para usufruirmos
gratuitamente dos serviços públicos de Educação e da Saúde, mas também da Justiça que é cada vez mais célere e acessível a todos de modo equitativo.
Acreditem, ninguém se queixa dos impostos que paga porque sabem que o Estado afiança a segurança e o bem-estar aos seus cidadãos. E estes retribuem com trabalho, intervenção ativa nas suas comunidades, porque têm um sentimento de pertença, de envolvimento nos assuntos que são de todos e havendo confiança no sistema, há reciprocidade.
Este seria o país (quase) ideal, nunca seria perfeito, pois a imperfeição é inerente á condição humana, mas a pergunta que fica é: O que nos impede de melhorar, de alcançar alguns objetivos a médio prazo? Podemos culpar os políticos, os banqueiros, as famílias poderosas, as sociedades secretas, ter inúmeras teorias da conspiração, mas sabemos lá no fundo, mesmo quando estamos irritados com a situação de Portugal, que também somos culpados, provavelmente os maiores culpados, com as nossas atitudes alheadas das questões fundamentais, com as nossas atenções desviadas para o superficial.
Há pouco tempo o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, dizia que o sistema político português promove “uma cultura de submissão”, de modo a que o “povo se resigne” e que o país permaneça num “estado de dormência”.
O que se pode fazer para contrariar esta situação? Mudar de atitude, participar na comunidade ativamente, reivindicar os direitos e cumprindo os deveres, vencer a desmotivação e ajudar a melhorar o seu bairro, a sua freguesia, o seu concelho, o seu país. Um pequeno gesto de cada um pode ter uma força imensa.
Para refletir.