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A Outra perspectiva

por Antonovsky, em 27.09.07

Existe um conceito ao qual eu chamo "Cinismo social". Faz parte do longo manual de sobrevivência que vamos escrevendo e pondo em prática ao longo da nossa vida em comunidade.

A palavra "Cinismo" ou "Cínico" lembra algo negativo, enquanto a palavra "Frontalidade" apresenta-se limpa e absolutamente firme no seu carácter. Porém, as coisas não são bem assim. Quando as pessoas alegam que são frontais, que dizem o que pensam, etc, podem estar a afirmar que são mal criadas sem o saber. Por exemplo: Se eu achar que  uma pessoa amiga é feia, gorda, esquelética ou se veste mal, não lhe digo directamente (frontalmente) porque tenho a certeza que a poderei magoar. Posso dar "sinais", "dicas" para melhorar no que pode ser melhorado, mas com sensibilidade e respeito pelos seus sentimentos e as outras coisas que não podem ser melhoradas nem se dizem, ponto final. Uma frontalidade abrupta pode ser algo grosseiro e muitas vezes desadequado, pode trazer a realidade, mas por vezes desfaz sentimentos, por isso tem de ser utilizada quando necessário.

Já o cinismo como parte da sobrevivência (sem prejudicar terceiros) pode ser perfeitamente aceitável. Por exemplo, na vida profissional quando estamos de mau humor (porque há dias assim para toda a gente) não vamos descontar nos colegas, nem nos clientes as nossas fúrias, frustrações, etc. Podemos dar alguns sinais, voluntariamente ou não, aos colegas que temos mais confiança que as coisas não estão muito bem para o nosso lado. Mas quando se trata de atendimento ao público, onde se quisermos manter o emprego temos de ser correctos, simpáticos  e atenciosos, mesmo nos dias em que não há "pachorra". Escondemos os sentimentos verdadeiros demonstrando outra atitude. Podemos pensar que o cliente é chato, que é melga, ou outra coisa pior, mas dizemos: - Obrigado, Sempre às ordens, Volte sempre,etc... (para não falar das relações com os superiores hierárquicos. Porque se todos dissessem o que pensam do chefe...enfim, fiquemos por aqui) Seja como for, isto não faz de nós más pessoas, faz de nós "sobreviventes".

Por isso, quando ouço aquele pessoal a dizer: - Eu sou frontal, digo o que penso. - Penso logo, não é bem assim meu caro, às vezes não podes dizer o que pensas...ou então, se dizes sempre és...como direi...uma besta.

Por outro lado, se ouço dizer: - Eu não sou cínico, sou transparente, as pessoas sabem o que eu penso. - Penso logo, olha que não. Há situações que fazes aquilo que não queres e pensas o que não deves e, obviamente, não demonstras os teus sentimentos. Não tem mal nenhum amigo, às vezes tem de ser.

Para o bem de todos vejam sempre a outra perspectiva, cá por coisas.

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publicado às 22:05


4 comentários

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De A Mona Lisa tinha Gases a 28.09.2007 às 19:56

Eu gostava de, um dia, vir a poder dizer tudo aquilo que me passe pela cabeça. Claro que, nessa altura, terei de abdicar de amigos, alguma família e namorado! Às vezes chego a envergonhar-me de coisas que nem sequer chego a verbalizar...
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De Antonovsky a 28.09.2007 às 21:11

Acho que vale mais a pena controlar os nossos pensamentos para não se tornarem palavras ou acções que façam perder amigos e familiares. Não te esqueças que se isso acontecer, corremos o riscos das outras pessoas também libertarem o que estava controlado em relação a nós. ;-)
Obrigado pelo coment. Volta sempre.

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