Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Não sei porque é que estou a escrever sobre isto, deve ser a nostalgia da época natalícia :P. Talvez também porque estou a pensar colocar nestes posts fotos de aeronaves que é algo que fica sempre bem esteticamente numa página da web. Ou ainda a terceira razão...Apeteceu-me :). Enfim continuando:
Fui incorporado na primeira recruta de 1991 da FAP, éramos cerca de 40 soldados-cadete. Estas incorporações tinham a particularidade de reunir o mais novos de 17 a 19 anos que se voluntariavam e os "licenciados" que iam adiando a "tropa", de modo a concluir os seus cursos superiores. As idades dos meus camaradas de armas do serviço obrigatório deveria variar entre os 25-35 anos. Resultado, a recruta foi bastante "leve" em termos físicos, dado que não poderiam "apertar" muito com o pessoal mais velho e fora de forma. Fiz a recruta com médicos, oftalmologistas, dentistas, engenheiros, gestores, etc, etc.. Bons conhecimentos, LOL.
O Curso correu sem grandes precalços e no final, para nós os quatro, havia o mesmo número de vagas (2 para a Base de Beja, 1 para Base de Monte Real e outra para os Açores). Fiquei colocado em Beja, Base Aérea N.º 11. No próprio dia em que me apresentei, fiz um requerimento para me transferir assim que houvesse outro curso. Porém, gostei tanto daquela cidade, dos "camaradas de armas", dos amigos que fiquei 4 anos lá colocado.
Aeronaves... finalmente
Na altura da minha colocação na BA11, havia apenas uma Esquadra de Voo operacional, com os aviões T-38A Talon, da Northrop Co. Era uma Esquadra de instrução e como tal, as aeronaves não tinham armamento. A Versão "armada" deste avião é o F-5.
É um avião supersónico com uma estética muito interessante, mas que tinha alguns problemas no motor. Dizia-se que os motores tinham sido criados para equipar misseis e por isso não eram feitos para durar... "mitos urbanos".
Fizeram-se muitas horas de voo e formaram-se muitos pilotos aviadores da nossa Força Aérea, até estas máquinas serem "abatidas" em 1992 ou 93 (não estou bem certo da data).
Nas últimas semanas da sua actividade, houve lugar a baptismos de voo, para mecânicos e outros, oficiais, sargentos e praças da Unidade. Uma experiência única, poder voar num avião supersónico, fazer manobras acrobáticas, sofrer a pressão dos Gs e na maior parte dos casos...vomitar. Os pilotos faziam propositadamente essa praxe aos debutantes. Por acaso não voei, porque uns dias depois, houve um incidente (birdstrike) num voo de rotina. A violência do embate foi tal devido à velocidade da aeronave, que um simples pássaro estilhaçou a canopy do piloto da frente, destruiu-lhe o capacete, ferindo-o no rosto. Por sorte era outro piloto que ia no avião, caso fosse um "baptismo de voo" o outro tripulante não teria conseguido aterrar e o acidente seria bem mais grave. Resultado: acabou-se as "boleias" e infelizmente o piloto deixou de exercer a sua profissão, não sei se para sempre.
Outra coisa que recordo e que gostava bastante eram os voos nocturnos. Pessoal da torre, bombeiros, equipamento auxiliar, mecânicos, pilotos, todos de prevenção. A pista ficava iluminada de várias cores, o azul da combustão dos motores na sua potência máxima, naquela vasta planicie alentejana. Um espectáculo.
(TO BE CONTINUED)