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Castelos de Cartas

por Antonovsky, em 20.04.09

A prolongada ausência poderia ser justificada com inúmeras desculpas "esfarrapadas", mas de facto não vale a pena estar a perder tempo com tal assunto, pois a culpa de ter abandonado esta página por muito tempo foi só e apenas minha. Por isso e sem mais delongas que se faz tarde, vou resumir um pouco do que poderia ter escrito e não escrevi ao longo destes três ou quatro meses. 

Assim, temos a crise económico-financeira que nos arrastou para índices estatísticos que remontam ao longínquo, instável e pós-revolucionário ano de 1975. É um tema que sempre tem muito sumo para espremer. De quem é a culpa? Será que poderíamos ter evitado que tal acontecesse ou pelo menos suavizado os seus efeitos? Os especialistas falam na TV escrevem nos jornais e revistas conceituadas, apontando as mais diversas razões e consequências, assim como, algumas medidas que deveriam ter sido feitas e outras que se fizeram e ainda indicam alguns culpados da situação e as vitimas (essas são mais fáceis de encontrar). Eu tenho uma opinião muito simples: Ganância que o Homem tem em querer cada vez mais e falta de regulamentação dos Estados, que estavam cada vez mais enfraquecidos e à mercê dos interesses do "mercado".  Estes dois aspectos conjugaram-se de tal forma, que rebentou uma bomba de pânico no mercados feitos de papel e, como castelos de cartas, se desmoronaram ao vento fortunas que pareciam sólidas neste sistema débil de especulação e irreal como os sonhos.

Então, decidem reunir-se os grandes lideres mundiais dos países mais ricos e industrializados do mundo, debatendo uma nova forma de organização de um sistema que estava demasiado afectado com doenças físicas e psicológicas e o qual ninguém acredita e confia. Só que, depois de tanto alarido, com os habituais anarquistas e outros grupos radicais, protestarem de formas mais ou menos veementes, nas cidades onde se realizam estas cimeiras e, assim, perdendo toda e qualquer razão que pudessem vir a ter, com a violência e a destruição a fazer a sua principal forma de expressão, chegou-se à conclusão que é preciso mudar aspectos fundamentais.

O problema é que também os lideres parecem estar um pouco perdidos nesta onda de incertezas, pois as palavras de esperança e medidas anunciadas, pouco ou nada têm feito para que o sistema volte a recuperar e o desemprego continua a crescer, as empresas despedem cada vez mais e as que não despedem, fecham. Os Estados e os seus Bancos Centrais injectam milhões que são consumidos a tapar buracos que estavam abertos. Os países anglo-saxónicos, mais afoitos, quase descem as suas taxas de juro para 0% como uma tentativa com o desfibrilhador de ressuscitar o sistema moribundo que neste momento está na sala de operações. Por outro lado, o BCE, mais conservador e cauteloso, adia ao máximo as medidas mais drásticas, assim como durante tanto tempo, adiou a quebra dos juros e agravou o estado das coisas pelas bandas da Europa e principalmente das famílias portuguesas endividadas. 

Independentemente disto, as dificuldades teimam em manter-se por enquanto e ainda irão manter-se, segundo os especialistas, infelizmente por algum tempo. Por outro lado, alguém finalmente notou que a população está a crescer e os recursos não são suficientes para sustentar todos os que moram no planeta azul. O que fazer? investir no Sector Primário, na velha e mal-amada agricultura, porque aí não podemos nos vestir bem enquanto trabalhamos, porque ficamos sujos e com pó ou lama nos tractores (e não carros brilhantes clássicos ou desportivos) o fato e a gravata ficam nos armários à espera de festividades para saírem a apanhar ar e as luvas, as galochas e a roupa mais gasta e passada é a utilizada no local de trabalho. Suportam-se os cheiros dos pesticidas (espero que não muito) e do estrume e adubos, suportam-se as chuvas e o calor cada vez mais com agendas próprias inconstantes para o seu aparecimento, mas no fim com as novas tecnologias, estufas, maquinaria e outros instrumentos avançados podemos crescer a nossa produção alimentar e, deste modo, assegurar o sustento dos filhos e dos netos e das outras gerações que virão tentando atenuar os erros que até agora foram por nós cometidos.

Resta-nos aguardar por dias melhores e eu, como optimista que sou, acredito que eles virão, mesmo que para isso tenhamos de passar a fase do sofrimento e da angústia.

 

Um abraço,

 

Antonovsky 

 

 

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publicado às 13:39


4 comentários

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De Caíque Gonçalves a 20.04.2009 às 23:57

O que de certa forma me intriga é que os esforços governamentais são sempre no sentido de ajudar a manter um sistema econômico que já deu provas de conter rachaduras comprometedoras. É hora de ser menos super-protetor e procurar alternativas, caso contrário, esse colapso financeiro e empresarial irá custar a cessar.

Abs,
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De Antonovsky a 21.04.2009 às 11:56

Amigo Caíque, não posso concordar mais contigo.
Se já deu provas que não serve, nem se ajusta à realidade actual, criando cada vez maiores clivagens sociais, por favor, Senhores Líderes Mundiais, alterem, inovem, criem outro sistema ou forma de organização mais real e bem sucedido.
Um abraço :)
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De Fulano a 21.04.2009 às 08:07

Vivi com meus avós até aos 14 anos e em sua casa existiam DUAS tesouras: a nova e a velha. A nova foi nova desde que me entendo. Era obrigatório estarem sempre na mesma gaveta para não ser necessário andar à procura. Não fui muito feliz com eles mas não teve nada que ver com tesouras. Nem com o facto de ser obrigatório deixá-las na mesma gaveta após utilização. Nem com o facto de ter de me esmifrar para arranjar os 2$50 para comprar o MUNDO de AVENTURAS que saía à 5ª feira. Fiz a colecção do nº 1000 até ao 300 e tal. Foi obra!
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De Antonovsky a 21.04.2009 às 11:52

A poupança e o sacrificio é algo muito diferente de há uns anos para trás. O pouco que havia transformava-se em suficiente e, por vezes, ainda dava para alguns "luxos". O Mundo de Aventuras é um ícone da BD, assim como o Cuto e o Principe Valente. Eu acho que valeu a pena a economia de 2$50 por semana.
Cumprimentos.

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