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O lado B da Vida ( B de Bom )

por Antonovsky, em 11.02.21

Voltei a escrever. Não que tenha deixado de o fazer, apenas não escrevia neste blog há mais de cinco anos. Foi como algo que temos na nossa arrecadação, sótão ou garagem e que redescobrimos entre livros com as folhas amarelecidas e brinquedos velhos cheios de pó que tanto nos entretinham quando éramos crianças.  

Não sei porque deixei de escrever aqui, não sei porque voltei agora. Talvez porque tenha encontrado tempo para isso, inspiração ou, porque nestes tempos estranhos que vivemos, lembrei-me deste espaço para exprimir e partilhar algumas ideias e pensamentos. 

Por isso, neste post de regresso, quero falar de coisas boas e positivas. Quero lembrar a família, os amigos, os colegas, as pessoas que gostam de nós, que nos apoiam e ajudam no dia-a-dia. Aqueles que sabemos que quando precisamos estão disponíveis, aqueles a quem não necessitamos dizer nada e nos entendem pelas nossas acções, gestos e expressões do rosto, mesmo que nós tentemos disfarçar.

Quero lembrar os pais, as mãos que nos ampararam quando demos os primeiros passos, que nos ajudaram a atravessar as estradas, que nos guiavam pelos passeios, nos abraçavam quando tínhamos pesadelos e cuidavam de nós quando estávamos doentes. Da segurança que nos transmitiam e faziam do nosso mundo, um mundo seguro onde as coisas más acontecem muito longe.

Quero lembrar os irmãos, os primos, os amigos que brincavam e brigavam connosco, discutíamos muito, mas no instante seguinte já estávamos a rir. A bicicleta, a rua, a bola, o bairro, a escola, os joelhos esfolados e os risos desdentados. Algo que agora parece muito distante, mas muito real e presente na memória.

Quero lembrar os colegas que nos ajudam no trabalho, com quem fazemos uma verdadeira equipa, que quando precisamos asseguram o nosso turno, que nos acompanham uma grande parte da nossa vida e enfrentam os mesmos problemas e partilham as mesmas situações.

Quero lembrar as festas com amigos, com a família, os almoços e jantares, os passeios, as viagens, os encontros de antigos alunos onde se recordam as histórias de décadas atrás e nos rimos como se tivessem acontecido ontem.

Quero lembrar aqueles que dão o seu tempo a causas sociais, em associações humanitárias ajudando quem precisa dando um pouco de si. Aqueles que em sociedades recreativas ou clubes amadores, encaminham os jovens para a cultura e o desporto, para uma vida saudável, para um convívio salutar na sociedade. Aqueles que lutam pelo meio ambiente e pela natureza, tantas vezes descurada por todos.

Porquê lembrar isto? Porque enquanto houver amor, amizade, solidariedade, cidadania, entreajuda, há esperança na humanidade. Todos os dias há exemplos deste Lado Bom, em muito maior número que o lado mau, porém, é este último que faz mais ruído, que causa mais impacto e inunda os meios de comunicação social fazendo crer que o caos e o medo impera.

Somos melhor que isso. Vale a pena acreditar. Vale a pena agir. Vale a pena viver. 

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publicado às 15:44


Citações

por Antonovsky, em 08.08.15

O declínio das instituições representativas, como os parlamentos ou os partidos políticos em favor de "Instituições Guardiãs" (como alguns autores designam) é uma tendência alarmante. Estas instituições cuja legitimidade assenta em pressupostos que favorecem uma administração tecnocrática e oligárquica, incluem bancos centrais, a burocracia da União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, empresas de consultoria e redes várias de "especialistas em políticas publicas. (...) Qualquer democracia pressupõe a existência de estruturas não eleitas das quais emanam decisões relevantes para a vida quotidiana: o sistema judicial, as forças armadas, as polícias e a administração pública. Mas todas estas instituições foram historicamente controladas e supervisionadas por executivos e parlamentos. A situação atual distingue-se na medida em que o novo estatuto das "instituições guardiãs" implica que sejam impermeáveis ao controlo popular."

Tiago Fernandes in, "A Sociedade Civil" Ensaios FFMS

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publicado às 20:58


A razão de cada um

por Antonovsky, em 31.07.15

Hoje em dia fico espantado com a quantidade de pessoas que têm razão. Falo com um individuo, ele argumenta de tal forma que parece que tem razão, converso com outro e o seu discurso é tão verdadeiro que também sugere que tem razão, apesar de dizerem exatamente o contrário um do outro. Será que só eu tenho dúvidas? A perspetiva pessoal com que são apresentados os argumentos, as razões e as explicações, aliadas a uma atitude firme e convincente fazem parecer que todos têm razão.
As racionalidades são tantas e as experiencias de vida, profissionais, sociais e académicas diversas, que as visões de cada um sobre determinado assunto são muitas vezes, variadas e extremas, confundindo a verdadeira realidade e a verdadeira razão. Assim, como disse um filósofo francês “as racionalidades são tantas que nos tornamos céticos”. Assistimos a discussões entre dois ou mais indivíduos e vemo-nos a vacilar entre uns e outros, acabando por cair no descrédito e na desconfiança.
Eu tento, a custo, perceber as várias perspetivas e “encarnar” no papel de cada interlocutor, mas nesta avaliação perde-se tempo e o momento de resposta e, hoje em dia, não há tempo para refletir. É como nas promoções limitadas temporalmente, em que o consumidor tem de comprar senão perde a oportunidade. Esta pressão incutida propositadamente pode precipitar para adquirirmos algo que não precisamos ou que nem sequer serve para alguma coisa. Faz parte do marketing e acho que atualmente isso que acontece em matéria de opinião e decisão.
As coisas raramente são feitas com tempo, é uma característica portuguesa. Quando se começa a planear com muita antecedência dizem: Epá, falta ainda muito tempo! Já estás a trabalhar nisso? - Mas o problema é que o tempo passa depressa demais e quando notamos temos de decidir “para ontem”. E aqui surgem os que têm opiniões já formadas (bem ou mal), os técnicos e os palpiteiros, mas todos se debatem de igual para igual devido à pressão para tomar a decisão. Assim, cheios de si mesmo, por vezes com egos desmedidos que mal cabem nas portas, defendendo as razões que cada um apresenta, de tal maneira que parece que falam todos o que é mais correto. Isto acontece nos mais variados cenários: político, financeiro, profissional, académico, etc. Porém, há que definir a opção a tomar e as decisões nunca agradam a todos, pois unanimidade e humanidade só rimam, mas são praticamente incompatíveis. E claro, com pouca reflexão e muita confusão, se nos apoiarmos nos palpiteiros, podemos enveredar por um caminho que não pretendemos.
Por exemplo, ao ouvirmos os comentadores nas televisões e rádios ou lermos nos jornais, verificamos que segundo a sua ideologia, experiência e perspetiva pessoal abordam o mesmo tema de uma forma completamente diferente, apresentando muitas vezes argumentos plausíveis que lhes dão peso na sua opinião. Quanto a quem ouve, a confusão instala-se e, ou opta pela simpatia de determinado comentador, ou torna-se cético dizendo que na sua diferença de opinião são todos iguais, pois querem defender os seus próprios interesses. E é este o sentimento da maior parte de nós, que inundados com o excesso de informação inclinada para um lado ou para outro, seja sobre que assunto for, acabamos por não acreditar e criar uma perspetiva pessoal que, por vezes é… nenhuma. Mais vale dizer: “Não quero saber
disto para nada! Eles que se entendam! Há coisas mais importantes”, do que perder tempo a refletir sobre as coisas.
O que é um facto é que a sociedade é um sistema aberto e a envolvência abrange-nos e afeta-nos a todos. E por isso temos de estar informados, procurar fundamentação sólida, conhecer os eventuais danos colaterais entre o fator humano e o material, o pragmático e o social, o real e o demagógico. Isto é, convém conhecer as várias perspetivas, definir a nossa própria razão e chegar a uma conclusão. Afinal, nem todos têm razão, mas TODOS podem ter uma palavra a dizer.

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publicado às 12:17


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