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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Na sua ânsia de consolidação económica, de "punir" os incumpridores, de impor a vontade num país soberano, demonstrando poder, o discernimento da UE foi toldado completamente no que diz respeito a uma visão estratégica global e aprofundada do assunto, ridicularizando a sua política externa que foi (é) redutora e de baixo nível de inteligência. Não é só Merkel que tem culpa, mas todos os outros que a deixam ter total protagonismo e não a "elucidam" devidamente.
Futebolisticamente falando, a Alemanha na Liga doméstica é um "clube" forte, mas mundialmente quando encontra um colosso (neste caso a Rússia) é apenas mediano. Agora se fosse uma seleção unida de clubes (leia-se países) que têm os seus objetivos bem determinados, que sabem que podem contar uns com os outros... aí a história era outra.
Com a globalização e o mercado livre a comandar as operações, o "Ocidente" pensou que a China torna-se-ía num bom gigante, mais ocidentalizado, mais democrático, liberal, etc, no entanto, descurou o potencial da China e de outros países emergentes, quer de crescimento, quer de população, quer ainda de concorrência com regras diferentes. Isto é, num mercado liberalizado, a mão de obra mais barata, a inexistência de normas ambientais (ou poucas), fiscalidade menos "apertada" e outras regras e politicas facilitadoras dá vantagem a determinados países em relação a outros que têm de cumprir regras mais apertadas e garantir direitos conquistados pelos seus trabalhadores.
Este facto e com a crise a assolar desde 2008, os países ocidentais que, por sua vez, já tinham atingido um patamar de evolução e de bem-estar mais elevado na sociedade, estão a ficar cada vez mais "chineses" reajustando as regras, retirando direitos adequiridos aos trabalhadores para um nível há muito ultrapassado pela história desses mesmos países. Houve (está a haver) uma regressão nos direitos do trabalho, quer também nos direitos sociais e por vezes, humanos, tudo em nome de uma competitividade cega e de expansão de números de crescimento.
A economia tem sido o motor, talvez o mais importante, do desenvolvimento da sociedade humana, mas também está a ser um factor de "aniquilação" do Homem enquanto ser humano livre e igual.
Dizem os entendidos, ou pelos menos alguns deles, que Portugal está na transição para a 4ª República. Depreendendo-se que a primeira foi entre a queda da monarquia e a ascensão do Estado Novo, a segunda durou período do próprio Estado Novo e a terceira, do 25 de Abril de 1974 até aos dias de hoje. No entanto, a mudanças no panorama nacional e internacional, implicam uma nova evolução.
Portugal está cada vez mais integrado na União Europeia, há perda de soberania de todos os estados-membros em prol da coesão e, claro está, Portugal não é excepção. Depois é imperativo a chamada "Reforma do Estado", não aquela de cortes cegos, mas uma decente que seja adequada às necessidades do povo português e bem articulada com a UE e os seus organismos para que a "máquina" administrativa, legal e executiva funcione.
Esta evolução/mudança requer algum tempo, requer um bom planeamento e estratégia bem pensada e não pode ser empurrada por necessidades económicas que visam apenas resultados numéricos e pouco bem estar social. Deste modo, foi com agrado que hoje soube que o Governo, o maior partido da oposição e outras figuras públicas de destaque, concordaram em sentarem-se à mesa das negociações para pensarem, discutirem, argumentarem ao longo de três meses (espero de uma maneira muito positiva e que dê bons frutos) todos os pormenores e mais alguns sobre qual o Estado que queremos/precisamos e como irá funcionar no futuro.