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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Por vezes estamos tão determinados em fazer ver o nosso ponto de vista, que nos debatemos com determinadas situações que nos desgastam em demasia e que não nos trazem qualquer benefício. Apenas por teimosia ou por vontade de fazer valer as nossas opiniões, perdemos tempo com discussões inúteis e infrutíferas, criando mal-estar com os outros, pondo mesmo em causa relações interpessoais de muito tempo sem qualquer necessidade.
Esses autênticos “cavalos de batalha” que construímos devem ser refreados até ser analisado se o assunto, tema ou situação valerá a pena o esforço. Existem tantas coisas que nos preocupam, que algumas temos de relativizar, caso contrário andamos sempre mal-humorados, em hipervigilância e prontos para responder de forma agressiva. Até porque, cá para nós que ninguém nos ouve, nem sempre temos razão.
Por isso, há que ponderar bem as coisas e analisar se o desgaste, as chatices e as consequências serão inferiores ao benefício que iremos alcançar. Os “cavalos de batalha” trazem custos, por vezes insónias, dores de estômago e irritação constante, devendo ser chamados ao terreno apenas quando o objetivo a alcançar é importante para nós.
Não estou a dizer que nos devemos acomodar ou deixar de opinar, nada disso. Simplesmente, penso que não devemos gastar energias em assuntos de menor importância quando existem muitos outros que nos interessam e que podem contribuir para o nosso bem-estar. Nós podemos ficar com a nossa opinião ou ideia e os outros com as deles, não há necessidade de confronto.
É neste âmbito que surge a tolerância, tentar entender os outros, perceber o porquê dos seus comportamentos e se possível colocarmo-nos no seu lugar. Só que este exercício requer tempo de análise e atualmente não há tempo… para ter tempo. As respostas são imediatas, quase instintivas e sem reflexão e, por isso, surgem discussões, mal-entendidos e saem os cavalos de batalha de cada um para os terrenos, sem necessidade, nem racionalidade, consumindo as energias tão valiosas para outras demandas.
Se o objetivo da maior parte das pessoas é ser feliz, devemos focar-nos no que realmente interessa e aí sim, lutar condignamente, sem receios, com Motivação, com Inteligência, com Competência e a com nossa Força… são estes os nomes dos nossos Cavalos de Batalha que devemos desenvolver, alimentar e poupar para os desafios que são importantes para nós.
Parece fácil, mas opção de decidir o que se deve fazer em determinadas situações, de tomar a atitude correcta, dizer as palavras certas, por vezes é muito difícil e depende (quase sempre) da perspectiva. Como ensinamos os nossos filhos a decidir pelo que está certo e pelo que é bom para eles, segundo as regras da sociedade onde estamos inseridos, se por vezes nós próprios temos dúvidas. Ou então, como explicar que em determinadas situações agimos de uma maneira, mas noutras parecidas temos de agir de forma diferente?
Por exemplo, as crianças devem ser educadas, mas não falar com estranhos, devem respeitar as pessoas mais velhas, mas não dar-lhes confiança se não as conhecerem, devem relacionar-se com os colegas, mas devem saber defender-se se os chatearem ou lhes baterem, no entanto, devem evitar as brigas...Uma confusão.
Estamos sempre em constante aprendizagem, quando pensamos que sabemos muito, surge sempre uma situação nova. Lembro-me quando tinha 18 anos e pensava que tinha muitos conhecimentos sobre tudo, depois, se me recordar dos meus 25 reconheço que cometi alguns erros e que já tinha mais experiencia de vida, no entanto, aos 30 com a responsabilidade da paternidade, já via as coisas de maneira diferente, numa outra perspectiva, pois já não era só um neste mundo.
Esta aprendizagem do ser humano que decorre ao longo de toda a nossa vida e que é obtida de modo empírico, académico, profissional, social, experimental, etc, é o modo fascinante como nós lidamos com as situações e como resolvemos os problemas e obstáculos que nos surgem dia a dia. Vamos buscar as nossas experiencias "armazenadas" no nosso arquivo particular "cerebral", adicionando conselhos e exemplos de casos idênticos que temos conhecimento de familiares ou amigos e decidimos e/ou agimos. É claro que dentro da nossa imperfeição muitas vezes falhamos, mas o que interessa é termos agido da melhor forma que sabemos naquela altura, agirmos de consciência tranquila que estamos a fazer o melhor, e que, no caso de estarmos a errar... nos sirva de lição para o futuro, que seja mais um acrescento na nossa aprendizagem.
Crescer, implica adaptarmo-nos a novas responsabilidades. Aquilo que antes não podíamos fazer, ou que não conseguíamos por sermos pequenos, é posteriormente nos exigido pela sociedade noutras fases etárias. Por exemplo, não sabemos ler quando temos 3 anos, mas é importante que o façamos aos 7. Aos doze podemos viajar no banco da frente dos automóveis, mas temos de saber colocar o cinto de segurança e não distrairmos o condutor, aos 18 podemos tirar a carta, porque temos as capacidades intelectuais desenvolvidas para tal.
Tudo implica novas realizações pessoais e, obviamente, responsabilidades adequadas à idade que temos. Ora, como sabemos, as pessoas são diferentes e os "estados de maturação" são muito mais diversos nos humanos do que qualquer outras espécies da natureza, pois não dependem só das capacidades fisicas e intelectuais, mas sim da personalidade de cada um, da educação, do meio envolvente, etc. Por exemplo, podemos saber conduzir muito bem, dominando a máquina, mas podemos não ser responsáveis e não respeitar as regras do transito. Podemos casar ou nos "juntar", mas não estarmos preparados para uma vida conjugal, podemos ter filhos, mas não estar preparados para sermos pais. Podemos ter um emprego e não conseguir cumprir horários (neste caso, é por pouco tempo). Enfim, uma infinidade de situações que diferem de individuo para individuo. Todavia há um padrão aceitável, dito normal, pela maioria que constitui a sociedade. Há comportamentos que se aceitam em determinadas idades, se desculpabilizam noutras, mas são mal vistos e até intolerados noutras, desde que as pessoas que os tenham possuam as suas plenas faculdades físicas e mentais.
Isto tudo para dizer que há pessoas que são teenagers deslocados, ou não gozaram a sua juventude, onde muitas coisas são permitidas e desculpabilizadas, ou simplesmente querem arrastar essa juventude pela vida fora, não assumindo determinadas responsabilidades. Normalmente o traço de personalidade mais frequente neste tipo de pessoas é o egoísmo. Até aqui tudo bem, desde que não prejudiquem terceiros, o problema é quando assumem lugares de responsabilidade e podem influenciar a vida de outros, a noção da realidade que essas pessoas têm é muito redutora e causam injustiças, decidindo incorrectamente, porque simplesmente não conseguem "pôr-se no lugar dos outros" conseguir ver as coisas de outra perspectiva.
Não é que seja muito mau ser Teenager deslocado, há pessoal assim que apenas quer gozar a vida e não chateia ninguém, e também há a versão oposta de jovens velhos, ou seja, pessoas com pouca idade, jovens mesmo, que envelhecem prematuramente "na sua mentalidade" e que passam constantemente a censurar o comportamento dos outros... É assim, o Ser Humano é muito complicado.