Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Com a realização da cimeira UE/UA, falou-se muito nas questões humanitárias do continente africano, sendo o tema central e aparentemente o mais grave a crise Darfur. É um assunto que há algum tempo se fala, mas parece pouco evoluir. Provavelmente na Cimeira os assuntos económicos prevaleceram mais, que os de aspecto humanitário, porém espero que alguma mensagem tenha conseguido penetrar naquelas mentalidades.
Da minha parte confesso que sabia pouco. Tinha conhecimento que era uma região do Sudão e que era devastada pela fome, epidemias e tudo o que existe de mau, devido à guerra. Decidi investigar um pouco e achei isto:
SUDÃO
O maior país africano, (na Antiguidade chamava-se Núbia) é incorporado ao mundo árabe na expansão islâmica do século VII. O sul escapa ao controle muçulmano (O que vai explicar mais tarde os conflitos).
Cerca de 1820 é conquistado pelo Egipto. Mais tarde dominado pelo Ingleses. E desde 1899 a Nação é submetida ao domínio egípcio-britânico, obtendo a independência total em 1956.
O Sudão tem uma história de conflitos entre o sul e o norte do país, que resultaram em duas guerras civis (1955-1972) e (1983-2005). Estima-se que a segunda guerra civil causou cerca de dois milhões de mortos e mais de quatro milhões de refugiados.
Actualmente é uma república autoritária. O poder é centralizado no Presidente Omar Hasan Ahmad al-Bashir e no seu partido, desde o golpe militar de 30 de Junho de 1989.
DARFUR
Divide-se em três estados sudaneses: Garb Darfur (Darfur Ocidental), Djanub Darfur (Darfur do Sul) e Chamal Darfur (Darfur do Norte). O conflito de Darfur teve início em Fevereiro de 2003 e opõe principalmente os janjawid recrutados às tribos nomadas africanas de língua árabe e religião muçulmana e os povos não-árabes da área. O governo sudanês, embora negue publicamente que apoia os janjawid, tem fornecido armas e assistência e tem participado de ataques conjuntos.
Em Setembro de 2004, o Conselho de Segurança das Nações Unidas estabeleceu uma comissão de inquérito em Darfur para avaliar o conflito. Em janeiro de 2005, a ONU divulgou um relatório afirmando que embora tenha havido assassinatos em massa, não estava em condições de classificá-los como genocídio, devido a "uma aparente falta de intenção genocida"
A maioria das Organizações Não Governamentais trabalha com a estimativa de 400 000 mortes causadas pelo conflito. O número de pessoas obrigadas a deixar seus lares é estimado em 2 milhões. Porém, outras fontes apontam para mais de 2 milhões de mortos devido à guerra e prolongados períodos de seca.
Quando os combates se intensificaram em Julho e Agosto de 2006, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou o envio de uma força de manutenção da paz da ONU, composta de 20 000 homens, para substituir as tropas da União Africana presentes no local, que contam com 7 000 soldados. O Sudão opôs-se a esta resolução.
Pelo que li, este conflito não tem tanto o carácter religioso como principal factor, dado que a maioria dos envolvidos são muçulmanos, mas fundamentalmente um carácter étnico, opondo árabes vs não-árabes.
Entretanto, após 4 anos o massacre continua. Um interessante artigo de Johann Hari do Independent - Folha de São Paulo "Finalmente, o genocídio no oeste do Sudão está quase terminado. Há um problema, porém: o genocídio está chegando ao fim apenas porque não restam negros para matar ou submeter à limpeza étnica. O governo da Frente Islâmica Nacional já exterminou mais de 400 mil deles e expulsou outros 2 milhões de suas casas . As milícias racistas governamentais, conhecidas como Janjaweed, adorariam continuar a matar e devastar, no entanto, os povoados negros já foram todos queimados, e todas as mulheres negras já foram estupradas .O primeiro genocídio do século XXI transcorreu sem transtornos, e os genocidas venceram."
Para meditar....
Fontes: