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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Muitas são as histórias e aventuras retratadas na grande obra de Fernão Mendes Pinto intitulada "A Peregrinação". igualmente foram, as suas descrições e relatos, alvo de descrédito pelos seus contemporâneos que, por vezes, jocosamente insistiam na celebre piada:
- Fernão, mentes?
- Minto.
Por outro lado, esta obra teve um rápido sucesso na Europa, assim que foi publicada. No entanto, quase sempre ocupou, na história literária portuguesa, um lugar muito mais modesto e imerecido devido ao seu conteúdo que era antítese do nobreza e valentia relatada de uma forma poética nos Lusíadas de Luis Vaz de Camões.
Se um enaltecia os feitos lusitanos e minimizava as agruras e crueldades com uma linguagem fina e rebuscada, o outro relata de uma forma crua e sua vida rica em provações, mesmo sendo retiradas algumas partes de mais difícil crédito. Porém, jamais podemos esquecer o período que viveu Fernão Mendes Pinto, onde as portas de um mundo novo se abriram e as novidades que com ele eram descobertas, pareciam, muitas vezes, algo impossível de coabitar no mesmo globo onde se encontrava a velha e conhecida Europa.
Assim, e para relembrar alguns que já leram e para aguçar o apetite a quem gosta deste género de livros, deixo-lhes um pequeno excerto:
" Quando ás vezes ponho diante dos olhos os muitos e grandes trabalhos e infortúnios que por mim passaram (...) acho que com muita razão me posso queixar da ventura que parece que tomou por particular tenção e empresa sua em perseguir-me e maltratar-me (...) Mas por outra parte quando vejo que, do meio de todos estes perigos e trabalhos, me quis Deus tirar sempre em salvo e pôr-me em seguro, acho que não tenho tanta razão em queixar-me, quanta de lhe dar graças por este só bem presente , pois me quis conservar com vida, para que eu pudesse fazer esta rude e tosca escrita, que por herança deixo aos meus filhos, porque só para eles é minha tenção escrevê-la..."
Fernão Mendes Pinto em "A Peregrinação, vol. I"
da
Prestes João, foi uma personagem (fictícia para uns, real para outros) que contribuiu para a expansão portuguesa que sempre procurou um aliado cristão em distantes paragens, para que prestasse auxilio precioso à coroa, na demanda das novas rotas comerciais.
Nessas buscas um dos espiões mais audacioso, inteligente e versátil de D. João II, foi Pêro da Covilhã, que deambulou pela India, Médio Oriente e Africa, disfarçou-se de muçulmano integrando perigrinações a lugares sagrados. Não encontrou o reino de Prestes, mas voltou com inúmeras e preciosas informações que ajudaram mais tarde Vasco da Gama a realizar a viagem marítima para a India.
Para já, fica aqui uma frase do espectacular livro "Viagens de Pêro da Covilhã" do Conde de Ficalho que foi publicado pela primeira vez em 1898. Esta frase é o inicio de uma carta improvisada de Diogo Lopes ao Rei Prestes João, que após longas buscas em territórios longinquos, os portugueses situam este mítico monarca na Abissínia. Assim e com muita humildade inicia ele a sua carta:
"Se esta carta não vai bem orada, perdoe Vossa Alteza, porque não se aprendeu mais nos toldos destes galeões em que o homem o anda servindo".