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Educação e ensino...

por Antonovsky, em 03.01.12

Há algum tempo que queria escrever sobre este tema, vamos ver se consigo expressar as minhas ideias convenientemente, dado que é um tema  complexo devido á sua particularidade e, com a agravante, que está a "implodir" no nosso país de acordo com as notícias de ontem (02/01/2012) devido aos cortes orçamentais... Mas vamos primeiro esclarecer os conceitos. Em primeiro lugar, o que é Educação?

  • Processo que visa o desenvolvimento harmónico do ser humano nos seus aspectos intelectual, moral e físico e a sua inserção na sociedade; Processo de aquisição de conhecimentos e aptidões; Instrução; Adopção de comportamentos e atitudes correspondentes aos usos socialmente tidos como correctos e adequados; Cortesia; Polidez (...) Fonte: Dicionário Porto Editora, 2004.

O que é o Ensino?

  • Acto de ensinar, transmissão de conhecimentos e competências; Instrução; Transmissão de princípios relacionados com comportamentos e atitudes correspondentes aos usos tido como correctos; educação (...) Fonte: Idem.

São duas palavras que têm muito em comum e se complementam. Na minha perspectiva, a educação é o objectivo e o ensino o processo utilizado para chegar a esse objectivo. 

No entanto, as pessoas quando observam os comportamentos dos nossos jovens na escola e o seu aproveitamento escolar, apontam variadíssimas razões: Queixam-se do sistema de ensino, do
Ministério, dos professores, dos meios, da falta de investimento nas infraestruturas, do programa curricular , etc, até estão, muitas vezes, correctos. Porém, acho que devemos pensar também no que falha na primeira grande instituição a que pertencemos, denominada FAMILIA, que deve (ou deveria) transmitir os valores base, onde a personalidade do indivíduo será edificada.

Hoje em dia, com os dois membros do casal a trabalhar (familia-padrão portuguesa) e a consequente falta de tempo para um acompanhamento eficiente dos filhos, transfere-se para as Instituições muitas responsabilidades e deveres que há uns tempos atrás eram exclusivamente dos pais.

Os pais por sua vez, tornam-se mais exigentes com a Escola, culpabilizando o mau comportamento dos filhos, pela ineficácia do sistema. Para muitos,  "sacrifício" de criar um filho limita-se ao trabalho de muitas horas para lhe dar tudo o que necessita no "plano material", esquecendo-se que falha demasiadas vezes no "plano afectivo" e presencial. 

Atenção, eu não estou a julgar as pessoas, infelizmente a vida é difícil e os progenitores dão tudo o que pensam que é melhor, por vezes nem têm muitas alternativas. Quantas mães gozam a licença de maternidade (por vezes, nem na sua totalidade) com receio de serem despedidas, como tivessem a cometer alguma infracção, quando apenas gozam o que lhes concede a lei por direito. A pressão sobre as familias é muita.

Sem generalizar, nem criticar, a ideia base a reter é que a Escola e a Familia devem ser complementares e estar em sintonia, incentivando os comportamentos positivos e corrigindo os comportamentos menos próprios, sem ser, obviamente, demasiado castrante para os crianças/jovens.  O acompanhamento e a presença sempre que possível dos pais, pode vir a tornar-se numa referência fundamental para o desenvolvimento educacional dos jovens.

É apenas uma reflexão livre sobre um aspecto importantíssimo da nossa sociedade e que, por vezes, é relegado para segundo plano. Nele está assente o futuro do nosso país e, neste momento em especial, pende sobre este Ministério grandes medidas de contenção que podem prejudicar a qualidade do ensino em Portugal.

 

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publicado às 15:53


Guerra Civil de Espanha II

por Antonovsky, em 12.06.08

Para terminar a muito resumida exposição sobre a Guerra Civil Espanhola, publico aqui a segunda parte do post dedicado a este assunto. 

Apoios Internacionais

Como o golpe não teve o sucesso esperado, o conflito tornou-se numa longa guerra civil, numa antevisão da II Guerra Mundial, servindo de ensaio às potências que posteriormente nela estiveram envolvidas.

O Movimento Nacional de Franco recebeu ajuda militar directa da Alemanha (Legião Condor), e da Itália, (Corpo de Tropas Voluntárias, aviões e equipamento). Portugal forneceu logística e financiamento às tropas rebeldes e “enviou” tropas voluntárias (a Legião Viriato) apesar de não responsabilizar-se por elas.

A Frente Popular recebeu ajuda internacional, proveniente da URSS (assistentes militares e material bélico) e das Brigadas Internacionais (cerca de 38 mil homens) compostas de militantes de frentes socialistas e comunistas de todo o mundo (53 nacionalidades) e de numerosas pessoas que a título individual entravam na Espanha para lutar pela defesa da República, incluindo vários intelectuais europeus e americanos participaram neste conflito.

A França e a Inglaterra optaram pela Não-Intervenção, impondo um embargo geral à exportação de armas à Espanha.

Papel de Portugal

Até à Guerra Civil espanhola as acções do Estado Novo em matéria de Política externa não foram muito relevantes. A prioridade do regime residia nos problemas internos da nação procurando a estabilidade e sua consolidação. Porém, com um conflito de carácter ideológico tão vincado junto às fronteiras, o Governo vê-se obrigado a tomar uma atitude considerada defensiva, centrada em três aspectos:

  1. “A defesa da independência nacional face ao perigo espanhol”» As tendências anexionistas quer de direita (facções mais radicais dos falangistas), quer de esquerda (Federação das Repúblicas Socialistas Ibéricas), era uma realidade no contexto dos anos 30/40 e, como tal, Portugal estava atento ao desenvolver dos acontecimentos.
  2. "A defesa do património colonial”» A discussão das grandes potências europeias sobre a divisão das colónias africanas, causava apreensão portuguesa a todos os níveis da sociedade, pois para além das questões ideológicas, políticas e estratégicas, havia o interesse económico.
  3. “A sobrevivência do regime”» Após o triunfo sobre as revoluções internas, Salazar deparava-se com uma ameaça externa que poderia por em causa o regime e a própria Independência.   

O Governo tinha de saber agir, o apoio, dentro das suas possibilidades, de Portugal aos rebeldes anti-republicanos do General Franco, vem não só na sequência de ideologias próximas lutando contra inimigos comuns (anarquistas, comunistas e democratas), mas também na busca de um aliado para o futuro conflito mundial, controlando ao mesmo tempo os ânimos das facções anexionistas mais radicais da falange.

Balanço da Guerra:

» O número de baixas oscila entre 330 a 405 mil mortos (apenas 1/3 no campo de batalha).

» Cerca de 6800 religiosos católicos mortos (12 bispos). Foram destruídas cerca de 20.000 igrejas, com perdas culturais incalculáveis.

» Meio milhão de prédios foi destruído.

» Metade do gado espanhol perdeu-se e muitos terrenos de cultivo foram incendiados.

» O rendimento percapita caiu cerca de 30% e fez com que a Espanha se afundasse numa estagnação económica que se prolongou por quase trinta anos.

Conclusão

  • Três aspectos fundamentais: Guerra Ideológica, Violenta e Internacional;
  • A crise da democracia neste período levou as ideologias extremistas que marcaram o séc. XX a ganharem simpatizantes. As instituições democráticas pareciam não conseguir dar resposta às necessidades da população, não conseguindo estabelecer um sistema político estável e funcional, no fundo, a sua consolidação. As soluções eram apontadas para uma liderança forte do Estado, quer à direita quer à esquerda.
  • A forte mobilização social como um fenómeno de interesse sociológico. Indicava que estava próxima uma Guerra de larga escala. As ideologias eram vividas com paixão de vida ou morte. A violência desta guerra pode ser demonstrada pelo número de baixas fora do campo de combate 2/3.
  • Guerra Civil Internacional, poderia haver o caso de o mesmo país ter voluntários fascistas e comunistas.
  • O Estado Novo faz o seu primeiro grande teste à Política Externa e traça desde logo a estratégia que se seguiria no futuro conflito mundial. O apoio a Franco, apesar de não ser oficial, para além de afastar o perigo de um regime comunista junto à fronteira, revela-se fundamental para o controlo dos ímpetos de anexionismo espanhol.

Apenas uma curiosidade, para quem não saiba, quem liderava o Movimento Nacional, era o General Sanjurjo que se encontrava exilado em Portugal há uns anos e conspirava contra o governo espanhol, no entanto, no início do golpe, ao deslocar-se para Espanha sofre um acidente de aviação e morre. Dizem que foi devido excesso de bagagem, mesmo com os avisos do piloto, o General insistiu em levar todos os seus haveres e o pequeno avião não estava preparado para tal. Como consequência, Franco assume a liderança e torna-se Chefe de Estado de Espanha por muitos e longos anos.

 

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publicado às 22:30


Guerra Civil de Espanha

por Antonovsky, em 09.06.08

Conforme tinha prometido, vou publicar periodicamente alguns excertos dos trabalhos que realizei para o curso que estou a frequentar. Um deles foi sobre a Guerra Civil Espanhola.

Foi sempre um assunto que achei interessante e do qual tinha pouca informação, apesar de muito ser ter escrito e documentado sobre ele. Porém, como se sabe, foi uma especie de ensaio para o outro acontecimentos que surgiu pouco depois do seu final em 1939, a II Guerra Mundial, e que teve um maior impacto em todos os aspectos, ficando a Guerra Espanhola mais camuflada e em segundo plano.

Eu não vou descrever aqui todos os acontecimentos marcantes desta Guerra que durou cerca de 3 anos (Julho 1936 - Abril 1939), mas vou tentar dar uma ideia das consequências, do papel de Portugal e mais um ou outro dado interessante (penso eu).

Naquele período de tempo, quando as paixões ideológicas superavam todas as outras tornando-as numa questão de vida ou de morte, ninguém ficou indiferente quando eclodiu a Guerra Civil Espanhola. Todo a ira sentida, todo o rancor alimentado durante anos, podia ser expurgado naquele país da península ibérica.

Os pretextos para a violência foram-se juntando, os acontecimentos sucediam-se propiciando um clima de tensão, desconfiança e divisão da sociedade em extremos completamente opostos. O que era um assunto político interno de um país, extrapolou fronteiras e dele fizeram ensaio as potências protagonistas do conflito que se seguiria.

Antecedentes

A vizinha Espanha teve um século XIX de grande instabilidade, iniciado com as Invasões francesas, levando posteriormente a lutas entre absolutistas e liberais, mais tarde monarquicos e republicanos, e mesmo entre monárquicos. Teve mesmo a República implantada que durou cerca de um ano 1873/1874.

A culminar todo este período conturbado perdeu as suas colónias para o EUA, nomeadamente Cuba, Filipinas e Porto Rico, durante a Guerra Hispano-Americana, ainda antes do final do século, em 1898.

Com a I Guerra Mundial o desenvolvimento industrial em Espanha foi muito elevado, pois dinamizou toda a produção para fornecer os dois lados beligerantes. Porém, as condições de trabalho não evoluiram, e as classes operárias eram exploradas e no caso do sector agrário havia grandes latifundiários que também não davam grandes condições aos agricultores.

Tudo isto se passava com a concordância, ou pelo menos a inoperância das Elites governantes e da Igreja.

Começou a haver movimentos sindicalistas e repressão violenta de parte a parte com assassinatos de dirigentes destas organizações de trabalhadores, assim como de industriais e empresários.

Prevendo uma Guerra Civil, o Rei Abdicou e surgiu a 2ª República Espanhola com cariz de Esquerda e que estabeleceu medidas que retiravam muito poder à Igreja. Para uns tratava-se de uma perseguição, para outros estas medidas ainda eram escassas.

Após mais uns episódios, chegou-se à Eleições de Fevereiro de 1936.

Vários partidos políticos / Duas facções ideológicas

Simplificando as coisas, para as forças de Esquerda era preciso travar o avanço do fascismo que já havia conquistado Itália (1922), a Alemanha (1933) e a Áustria (1934). Segundo as decisões da Internacional Comunista, de 1935, elas deveriam aproximar-se dos partidos democráticos e formarem uma Frente Popular para enfrentar as vitórias nazi-fascistas. Desta forma Socialistas, Comunistas (estalinistas e trotskistas) Anarquistas e Democratas liberais deveriam unir-se numa Frente Popular para ascender ao poder por meio de eleições e inverter a tendência mundial.

A Esquerda espanhola estava dividida em diversos partidos e organizações:

PSOE (Partido Socialista Obreiro Espanhol)  Socialistas

PCE (Partido Comunista Espanhol) Comunistas

POUM (Partido Obreiro da Unificação Marxista) Comunistas-trotskistas

UGT (União Geral do Trabalho) Sindical Socialista

CNT (Confederação Nacional do Trabalho) Sindical Anarquista

FAI (Federação Anarquista Ibérica) Anarco-Sindicalista

Aliaram-se com os Republicanos (Acção Republicana e Esquerda Republicana) e mais alguns partidos autonomistas (nacionalistas da Galiza, do País Basco e da Catalunha). Esta coligação, venceu as eleições de Fevereiro de 1936.

A Direita por sua vez estava agrupada na CEDA (Confederação das Direitas Autónomas):

Partido Agrário

Monarquistas e Tradicionalistas

Falange espanhola (Fascistas)

Para os nacionalistas, compostos por monárquicos, falangistas e militares de extrema direita, etc., tratava-se de uma cruzada para livrar o país da influência comunista e restabelecer os valores da Espanha tradicional, unida, autoritária e católica. Não aceita a derrota nas eleições e cria o Movimento Nacional para derrubar o Governo.

É um episódio triste da humanidade, mas que deve ser lembrado para que não se volte a repetir.  (Continua)

 

 

 

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publicado às 21:45


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