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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Há algum tempo que queria escrever sobre este tema, vamos ver se consigo expressar as minhas ideias convenientemente, dado que é um tema complexo devido á sua particularidade e, com a agravante, que está a "implodir" no nosso país de acordo com as notícias de ontem (02/01/2012) devido aos cortes orçamentais... Mas vamos primeiro esclarecer os conceitos. Em primeiro lugar, o que é Educação?
O que é o Ensino?
São duas palavras que têm muito em comum e se complementam. Na minha perspectiva, a educação é o objectivo e o ensino o processo utilizado para chegar a esse objectivo.
No entanto, as pessoas quando observam os comportamentos dos nossos jovens na escola e o seu aproveitamento escolar, apontam variadíssimas razões: Queixam-se do sistema de ensino, do
Ministério, dos professores, dos meios, da falta de investimento nas infraestruturas, do programa curricular , etc, até estão, muitas vezes, correctos. Porém, acho que devemos pensar também no que falha na primeira grande instituição a que pertencemos, denominada FAMILIA, que deve (ou deveria) transmitir os valores base, onde a personalidade do indivíduo será edificada.
Hoje em dia, com os dois membros do casal a trabalhar (familia-padrão portuguesa) e a consequente falta de tempo para um acompanhamento eficiente dos filhos, transfere-se para as Instituições muitas responsabilidades e deveres que há uns tempos atrás eram exclusivamente dos pais.
Os pais por sua vez, tornam-se mais exigentes com a Escola, culpabilizando o mau comportamento dos filhos, pela ineficácia do sistema. Para muitos, "sacrifício" de criar um filho limita-se ao trabalho de muitas horas para lhe dar tudo o que necessita no "plano material", esquecendo-se que falha demasiadas vezes no "plano afectivo" e presencial.
Atenção, eu não estou a julgar as pessoas, infelizmente a vida é difícil e os progenitores dão tudo o que pensam que é melhor, por vezes nem têm muitas alternativas. Quantas mães gozam a licença de maternidade (por vezes, nem na sua totalidade) com receio de serem despedidas, como tivessem a cometer alguma infracção, quando apenas gozam o que lhes concede a lei por direito. A pressão sobre as familias é muita.
Sem generalizar, nem criticar, a ideia base a reter é que a Escola e a Familia devem ser complementares e estar em sintonia, incentivando os comportamentos positivos e corrigindo os comportamentos menos próprios, sem ser, obviamente, demasiado castrante para os crianças/jovens. O acompanhamento e a presença sempre que possível dos pais, pode vir a tornar-se numa referência fundamental para o desenvolvimento educacional dos jovens.
É apenas uma reflexão livre sobre um aspecto importantíssimo da nossa sociedade e que, por vezes, é relegado para segundo plano. Nele está assente o futuro do nosso país e, neste momento em especial, pende sobre este Ministério grandes medidas de contenção que podem prejudicar a qualidade do ensino em Portugal.
Para terminar a muito resumida exposição sobre a Guerra Civil Espanhola, publico aqui a segunda parte do post dedicado a este assunto.
Apoios Internacionais
Como o golpe não teve o sucesso esperado, o conflito tornou-se numa longa guerra civil, numa antevisão da II Guerra Mundial, servindo de ensaio às potências que posteriormente nela estiveram envolvidas.
O Movimento Nacional de Franco recebeu ajuda militar directa da Alemanha (Legião Condor), e da Itália, (Corpo de Tropas Voluntárias, aviões e equipamento). Portugal forneceu logística e financiamento às tropas rebeldes e “enviou” tropas voluntárias (a Legião Viriato) apesar de não responsabilizar-se por elas.
A Frente Popular recebeu ajuda internacional, proveniente da URSS (assistentes militares e material bélico) e das Brigadas Internacionais (cerca de 38 mil homens) compostas de militantes de frentes socialistas e comunistas de todo o mundo (53 nacionalidades) e de numerosas pessoas que a título individual entravam na Espanha para lutar pela defesa da República, incluindo vários intelectuais europeus e americanos participaram neste conflito.
A França e a Inglaterra optaram pela Não-Intervenção, impondo um embargo geral à exportação de armas à Espanha.
Papel de Portugal
Até à Guerra Civil espanhola as acções do Estado Novo em matéria de Política externa não foram muito relevantes. A prioridade do regime residia nos problemas internos da nação procurando a estabilidade e sua consolidação. Porém, com um conflito de carácter ideológico tão vincado junto às fronteiras, o Governo vê-se obrigado a tomar uma atitude considerada defensiva, centrada em três aspectos:
O Governo tinha de saber agir, o apoio, dentro das suas possibilidades, de Portugal aos rebeldes anti-republicanos do General Franco, vem não só na sequência de ideologias próximas lutando contra inimigos comuns (anarquistas, comunistas e democratas), mas também na busca de um aliado para o futuro conflito mundial, controlando ao mesmo tempo os ânimos das facções anexionistas mais radicais da falange.
Balanço da Guerra:
» O número de baixas oscila entre 330 a 405 mil mortos (apenas 1/3 no campo de batalha).
» Cerca de 6800 religiosos católicos mortos (12 bispos). Foram destruídas cerca de 20.000 igrejas, com perdas culturais incalculáveis.
» Meio milhão de prédios foi destruído.
» Metade do gado espanhol perdeu-se e muitos terrenos de cultivo foram incendiados.
» O rendimento percapita caiu cerca de 30% e fez com que a Espanha se afundasse numa estagnação económica que se prolongou por quase trinta anos.
Conclusão
Apenas uma curiosidade, para quem não saiba, quem liderava o Movimento Nacional, era o General Sanjurjo que se encontrava exilado em Portugal há uns anos e conspirava contra o governo espanhol, no entanto, no início do golpe, ao deslocar-se para Espanha sofre um acidente de aviação e morre. Dizem que foi devido excesso de bagagem, mesmo com os avisos do piloto, o General insistiu em levar todos os seus haveres e o pequeno avião não estava preparado para tal. Como consequência, Franco assume a liderança e torna-se Chefe de Estado de Espanha por muitos e longos anos.
Conforme tinha prometido, vou publicar periodicamente alguns excertos dos trabalhos que realizei para o curso que estou a frequentar. Um deles foi sobre a Guerra Civil Espanhola.
Foi sempre um assunto que achei interessante e do qual tinha pouca informação, apesar de muito ser ter escrito e documentado sobre ele. Porém, como se sabe, foi uma especie de ensaio para o outro acontecimentos que surgiu pouco depois do seu final em 1939, a II Guerra Mundial, e que teve um maior impacto em todos os aspectos, ficando a Guerra Espanhola mais camuflada e em segundo plano.
Eu não vou descrever aqui todos os acontecimentos marcantes desta Guerra que durou cerca de 3 anos (Julho 1936 - Abril 1939), mas vou tentar dar uma ideia das consequências, do papel de Portugal e mais um ou outro dado interessante (penso eu).
Naquele período de tempo, quando as paixões ideológicas superavam todas as outras tornando-as numa questão de vida ou de morte, ninguém ficou indiferente quando eclodiu a Guerra Civil Espanhola. Todo a ira sentida, todo o rancor alimentado durante anos, podia ser expurgado naquele país da península ibérica.
Os pretextos para a violência foram-se juntando, os acontecimentos sucediam-se propiciando um clima de tensão, desconfiança e divisão da sociedade em extremos completamente opostos. O que era um assunto político interno de um país, extrapolou fronteiras e dele fizeram ensaio as potências protagonistas do conflito que se seguiria.
Antecedentes
A vizinha Espanha teve um século XIX de grande instabilidade, iniciado com as Invasões francesas, levando posteriormente a lutas entre absolutistas e liberais, mais tarde monarquicos e republicanos, e mesmo entre monárquicos. Teve mesmo a República implantada que durou cerca de um ano 1873/1874.
A culminar todo este período conturbado perdeu as suas colónias para o EUA, nomeadamente Cuba, Filipinas e Porto Rico, durante a Guerra Hispano-Americana, ainda antes do final do século, em 1898.
Com a I Guerra Mundial o desenvolvimento industrial em Espanha foi muito elevado, pois dinamizou toda a produção para fornecer os dois lados beligerantes. Porém, as condições de trabalho não evoluiram, e as classes operárias eram exploradas e no caso do sector agrário havia grandes latifundiários que também não davam grandes condições aos agricultores.
Tudo isto se passava com a concordância, ou pelo menos a inoperância das Elites governantes e da Igreja.
Começou a haver movimentos sindicalistas e repressão violenta de parte a parte com assassinatos de dirigentes destas organizações de trabalhadores, assim como de industriais e empresários.
Prevendo uma Guerra Civil, o Rei Abdicou e surgiu a 2ª República Espanhola com cariz de Esquerda e que estabeleceu medidas que retiravam muito poder à Igreja. Para uns tratava-se de uma perseguição, para outros estas medidas ainda eram escassas.
Após mais uns episódios, chegou-se à Eleições de Fevereiro de 1936.
Vários partidos políticos / Duas facções ideológicas
Simplificando as coisas, para as forças de Esquerda era preciso travar o avanço do fascismo que já havia conquistado Itália (1922), a Alemanha (1933) e a Áustria (1934). Segundo as decisões da Internacional Comunista, de 1935, elas deveriam aproximar-se dos partidos democráticos e formarem uma Frente Popular para enfrentar as vitórias nazi-fascistas. Desta forma Socialistas, Comunistas (estalinistas e trotskistas) Anarquistas e Democratas liberais deveriam unir-se numa Frente Popular para ascender ao poder por meio de eleições e inverter a tendência mundial.
A Esquerda espanhola estava dividida em diversos partidos e organizações:
PSOE (Partido Socialista Obreiro Espanhol) Socialistas
PCE (Partido Comunista Espanhol) Comunistas
POUM (Partido Obreiro da Unificação Marxista) Comunistas-trotskistas
UGT (União Geral do Trabalho) Sindical Socialista
CNT (Confederação Nacional do Trabalho) Sindical Anarquista
FAI (Federação Anarquista Ibérica) Anarco-Sindicalista
Aliaram-se com os Republicanos (Acção Republicana e Esquerda Republicana) e mais alguns partidos autonomistas (nacionalistas da Galiza, do País Basco e da Catalunha). Esta coligação, venceu as eleições de Fevereiro de 1936.
A Direita por sua vez estava agrupada na CEDA (Confederação das Direitas Autónomas):
Partido Agrário
Monarquistas e Tradicionalistas
Falange espanhola (Fascistas)
Para os nacionalistas, compostos por monárquicos, falangistas e militares de extrema direita, etc., tratava-se de uma cruzada para livrar o país da influência comunista e restabelecer os valores da Espanha tradicional, unida, autoritária e católica. Não aceita a derrota nas eleições e cria o Movimento Nacional para derrubar o Governo.
É um episódio triste da humanidade, mas que deve ser lembrado para que não se volte a repetir. (Continua)