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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Para encerrar esta história que já vai longa, vou terminar aqui com a IV parte dos posts sobre Aeronaves FAP /Base de Beja.
Como disse atrás, os Alemães saíram desta Unidade e deixaram para trás a sua frota de Alpha-jets , as suas instalações na Unidade e os prédios do "Bairro Alemão".
Como as aeronaves dos alemães eram muito mais que os T-38 , foi necessário "importar" mais mecânicos, electricistas /electrónicos de aeronaves, pessoal de armamento e equipamento e Pilotos. Em 1993 a Base de Beja sofreu um "boom" com o "fluxo migratório" de militares.
Muitos vieram da Base Aérea nº 6 no Montijo, para trabalhar no Alpha-jet, provenientes da Frota Fiat- G91, que agora vemos em alguns parques infantis . Foi uma frota mítica na FAP e que deixou a sua marca.
Juntaram-se a estes, o pessoal das Esquadras de Manutenção e de Voo das Aeronaves Epsilon, que se encontravam em Sintra (Base Aérea n.º 1) e que foram "colocadas" em Beja. E também todo o pessoal de Tancos (Base Aérea N.º 3) que encerrou as suas portas à FAP e foi transformada numa Unidade para as tropas Aerotransportadas. Com estes últimos vieram os famosos helicópteros Allouete III, outra aeronave com grande historial.
Resumindo, a Unidade de Beja tornou-se numa das mais importantes e mais movimentadas. Aeronaves, equipamentos, mobiliário, militares e
mais tarde, as suas familias, foram "deslocados" para a capital do Baixo Alentejo. Houve alguma agitação e contrariedade ao nível pessoal e profissional, pois implicava uma logística de grande envergadura a instalação das frotas até a sua operacionalidade fosse normalizada. Mas o esforço e dedicação empreendido fez com que os problemas fossem ultrapassados e que a pouco e pouco as coisas funcionassem como antes, apenas com a diferença de ser noutro local.
Por outro lado, a adaptação das pessoas levou um pouco mais tempo, principalmente aqueles que tinham família e filhos em idade escolar. Confesso que me passou um pouco ao lado, pois era solteiro e não tinha a noção dos problemas que uma mudança deste tipo traria a este nível. Agora sei que deve ter sido bastante dificil até organizarem a vida novamente. Muitos militares ficaram no "Bairro Alemão" outros na esperança de uma possível transferência ficaram algum tempo como solteiros geográficos, como nós na nossa gíria dizíamos na brincadeira, pois só iam a casa aos fins-de-semana.
Pessoalmente tive a sorte de estar colocado entre Dezembro de 1991 e Dezembro de 1995, nesta magnífica Unidade e, como tal, estive presente nestas mudanças. Depois fui colocado no Estado-Maior da Força Aérea, que parece mais uma empresa onde as pessoas andam "fardadas" e que, não tirando mérito ao trabalho que lá se faz, não tem a mística de uma Unidade operacional. Saí em 1999 da FAP. Valeu a pena.
PS- Quando os alemães souberam das aeronaves que iam operar em Beja serem tão diferentes: Epsilon » Hélice, Alpha-jet » Jacto, Alouette » Helicoptero, preveram/disseram (ao pessoal da torre) que cerca 6 meses teriamos um acidente grave. Já lá vão 15, 16 anos, não dei por nada. :-)