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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Precisa-se de uma Igreja forte nestes tempos de crise económica e financeira, mas também de crise de valores humanos. Muitas vezes uma consequência directa da primeira. Ou seja, sem a parte material satisfeita, sem as necessidades básicas atendidas, sem os desejos e projectos alcançados é provável que o espírito enfraqueça e ceda ao facilitismo, ao desespero, à miséria e o ser humano tente encontrar por outros caminhos a solução para os seus problemas. Neste sentido, sendo Portugal maioritariamente um país católico, a presença de uma Igreja forte, pronta, "limpa", livre de suspeições, junto das pessoas para que possa intervir no meio social naquilo que é importante e que tem feito ao longo da sua existência. Auxílio ao próximo, colmatar as dificuldades que a sociedade não satisfaz, amparo aos mais necessitados.
Ultimamente as notícias na comunicação social não têm sido muito abonatórias, quer em Portugal, quer internacionalmente e como sempre, tudo o que é negativo sobressai muito mais do que o que é positivo. A sede vacante do Vaticano também contribuiu para alguma instabilidade (muita, talvez), teorias de conspiração, etc.
Há que saber superar estas dificuldades, corrigir os erros, pois a Igreja é constituida por Homens com todos os seus defeitos e virtudes, e tem de haver humildade em retratar-se, solucionar as suas crises internas e não só, encarar de frente as falhas e evoluir para estar pronta para "assistir" espiritualmente e materialmente a sociedade, a humanidade, com todos os meios ao seu dispor. Caso contrário, o seu afastamento da realidade atual e dos crentes (e não crentes) poderá ser inevitável.
Ao longo da história a Igreja tem desempenhado papéis mais ou menos relevantes na política, na diplomacia, na paz, na guerra, na cultura, na sociedade em geral, dependendo da época que a humanidade atravessava. Porém, com a secularização dos estados católicos, com o avanço da ciência e tecnologia, com o evoluir das sociedades e das mentalidades, a Igreja foi perdendo espaço e poder de decisão dentro da politica das nações, sendo colocada de lado como algo muito obsoleto e desenquadrado da mesa das negociações/decisões, onde estão os políticos, os economistas, os gestores, os banqueiros, enfim, os representantes dos valores de hoje em dia.
Para além disto, os próprios escândalos de abusos que foram surgindo um pouco por todo o mundo, vieram ainda mais vincar a imagem de que a Igreja era imperfeita e, por vezes, pecadora. Não querendo, de modo algum aligeirar ou desculpar estas terriveis falhas, sabemos que os exemplos negativos se sobrepõem, e muito, aos inúmeros exemplos de bondade, de sacrificio, de entrega sem contrapartidas de milhares de cristãos, religiosos e leigos, que por todo o mundo tentam dar o melhor de si para que outros tenham uma vida um pouco mais reconfortante.
Mas o que é certo é que, com todos os seus defeitos e virtudes, a caridade e a fraternidade foram e são valores que acompanharam a sua existência e que muito têm ajudado o próximo. Actualmente, este papel de assistência aos necessitados está ainda mais vincado. Com o desemprego a aumentar e o dinheiro a faltar para as necessidades básicas de muitas familias a Igreja desempenha um papel silencioso, mas muito importante e activo de auxílio às pessoas que recorrem a esta instituição, sendo determinante para colmatar estas falhas da sociedade por todo o país. Penso que neste aspecto, independentemente da crença de cada um, temos de reconhecer que a Igreja está presente e nunca fecha as portas a quem precisa.