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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
A principal razão porque me ausentei do "mundo dos blogs" e que eu já referi aqui num post anterior, foi o trabalho que tive de fazer para a minha "Escolinha".
Assim, para justificar a minha ausência, vou publicar de vez em quando (para não chatear muito), um excerto de cada um dos temas que tive de pesquisar, para provar que andei mesmo a estudar e que não foi apenas uma desculpa para a minha falta de imaginação ou motivação para escrever neste blog.
Para mim são temas interessantes, provavelmente para outros são aborrecidos, no entanto, ficam aqui expostos para vossa apreciação ;-).
O primeiro tema que lhes quero falar é sobre uma personalidade que eu desconhecia (desculpem a ignorância) e da qual tive de estudar as suas memórias: Sebastião de Magalhães Lima. Vamos conhecê-lo melhor:
Sebastião de Magalhães Lima nasceu no Rio de Janeiro, a 30 de Maio de 1850. Filho de emigrantes portugueses, veio para Portugal, para uma localidade perto de Aveiro, com quatro anos de idade.
Frequentou o Colégio Alemão onde desenvolveu as suas capacidades linguísticas e mais tarde o Liceu no Porto.
Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra tendo exercido advocacia esporadicamente, enquanto se afirmava como escritor, jornalista e fiel partidário do ideal republicano.
No âmbito da actividade jornalística, funda o Jornal “O Século” em 1880. Prestou colaboração em inúmeros jornais da época, obtendo renome internacional na imprensa e excelentes relações de amizade, nomeadamente em França, país que visitava com frequência e onde se refugiou, por pressão do governo ditatorial de João Franco.
Quando a República triunfou encontrava-se em Paris, tendo aproveitado todas as oportunidades para defender o novo sistema internacionalmente.
Foi Grão-Mestre da Maçonaria Portuguesa, desde 1907, sendo um dos maçons mais prestigiados internacionalmente e um dos Grão-Mestres com mais longo mandato (de 1907 a 1928), coincidente com o período de maior apogeu da Maçonaria no nosso país.
Deixou vasta obra literária e política dispersa, e foi dos nomes nacionais mais respeitados entre o final do século XIX e o primeiro quarto do século XX. Morreu em 1928.
Há vários episódios marcantes nos dois volumes de memórias desta personagem, que viveu as grandes agitações na sociedade portuguesa daquele período, por exemplo: o Ultimato inglês, as quezílias entre Monárquicos e Republicanos, a implantação da República, a I Guerra Mundial, etc. Mas houve um que achei de particular interesse, pois apesar do periodo retratado ter mais de 100 anos, há um certo paralelismo com a actualidade.
É passado no Liceu no Porto onde foi examinador, o autor tem no seu livro a seguinte passagem, no que respeita às recomendações que os pais ou amigos lhe faziam para facilitar a sua avaliação a determinados alunos: “Andam a par o empenho e a esmola. A meu ver são dois vícios que herdámos dos conventos, como estigma que é preciso combater. O empenho é neste caso a tentativa de influenciar o examinador para ser benevolente, ao que o autor correspondeu sendo benevolente para todos numa perspectiva de igualdade. Porém, levantou uma dúvida pertinente, se ocorriam estas situações num simples exame de liceu, como seriam as pressões nos mais altos cargos de decisão.
Ora, isto não é mais que - traduzido para os termos actuais - os SUBSÍDIOS (esmola) e a CUNHA (empenho).
Meus amigos, já éramos assim naquele tempo. Dá que pensar.
Fiquem bem.