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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Portugal tem muitos problemas estruturais, económicos, sociais, financeiros, etc., mas muitos políticos entendem que é mais fácil criar ruídos de fundo com aspectos internos dos próprios partidos, em vez de discutirem as soluções adequadas aos problemas que o país atravessa, dirigindo e desperdiçando as suas energias em assuntos secundários e que em nada servem os interesses dos portugueses.
Tudo isto prejudica a qualidade democrática que todos os partidos, sem excepção, apresentam nas urnas de voto. Os partidos ficam enfraquecidos com as politiquices em vez de políticas, e os comentadores, quer à direita, quer à esquerda, tentam definhar a imagem de quem não lhes interessa. Esses "opinion-makers" juntamente com a comunicação social, que visa sobretudo audiências e não informar devidamente, são muitas vezes responsáveis pela confusão que reina nas cabeças dos portugueses (e não só, dado que este fenómeno é transversal em todos os países ocidentais).
O que uns têm a menos, outros têm a mais. Ou seja, nos países onde reinam as ditaduras ou que têm algum "défice democrático" (como se diz hoje em dia) a informação é escassa, controlada, censurada, o que é muito negativo, mas, nos países ditos democráticos, a comunicação social é detentora do quarto poder (depois do legislativo, executivo e judicial), consegue elevar ou denegrir a imagem de alguém em segundos, fazem-se julgamentos em praça pública que enfraquecem a opinião sobre a justiça. Fazem-se "investigações" jornalisticas, muitas vezes tentando substituir-se às instituições e entidades responsáveis, de modo a que sejam os primeiros a informar sobre assuntos "escaldantes", mas que no fundo prejudicam as investigações oficiais, o que também é negativo.
Precisa-se de uma comunicação social responsável e transparente, sem pressões, nem interesses e que, efectivamente informe. Assim como, precisa-se de comentadores fiáveis, imparciais ou, mesmo que não o sejam, tenham outros no frente-a-frente, de modo a ter várias perspectivas sobre o mesmo assunto. E claro, precisa-se de políticos patriotas que vejam os interesses de Portugal como prioritários e não os interesses pessoais em primeiro lugar. Enfim, uma mudança cultural, uma mudança de mentalidades, que com certeza iria melhorar o Estado da Nação.
Para ilustrar, aqui fica um clip dos anos 80: Industry - State of the Nation.
Finalmente as eleições no PSD chegaram ao fim e, com ou sem surpresa, Manuela Ferreira Leite subiu ao cargo de dirigente máximo do maior partido da oposição.
Devem ter sido as eleições mais disputadas e mediáticas que me lembro nos últimos tempos. Até mesmo os resultados foram muito divididos, tirando a candidatura de Patinha Antão que não chegou a obter 1% dos votos, acho que os outros candidatos rondaram os 30%, com a actual líder nos 37%. Seja como for, a crise de liderança aparenta ter chegado ao fim.
Mas porque é que estou a escrever sobre isto? Porque, apesar de não parecer é uma situação que afecta a todos, vejamos:
É importante que as pessoas se sintam representadas pelos partidos que militam, apoiam ou simpatizam com a sua ideologia. Seja qual for o partido (direita, esquerda, centro) é importante que o seu líder seja identificador da ideologia que defende pelas pessoas que o seguem, e é nesse sentido que a qualidade da democracia é melhorada.
Quando se fala nestes assuntos de política vê-se só o Governo sempre como objecto principal e não é bem assim. A qualidade da democracia é também assente numa oposição que dê ideias, alternativas, denuncie o que está mal e apresente soluções construtivas no sentido de melhorar o país. Esse sim é o grande objectivo, um Portugal melhor e não uma política mesquinha alegando que as coisas estão mal, protestando-se e aplicando a ideologia do "Bota Abaixo" (desculpem a expressão) para depois ficar tudo na mesma ou pior.
É importante que todas as diferentes ideologias estejam bem representadas, promovendo um debate intenso, apontado para objectivos concretos de desenvolvimento do país. Um partido em crise, (seja qual for) demonstra que uma parte da população tem a sua voz enfraquecida e a sua representação mais débil na Assembleia, onde se decide as regras da nossa vida em sociedade.
Agora para ser mauzinho, até podia acrescentar que muitas vezes está débil também porque os senhores deputados dos vários partidos faltam muito eheheh.
Bom acho que me fiz entender, não está em causa o PSD em concreto, mas sim a representatividade e forte liderança de todos, por isso desejo boa sorte a Manuel Ferreira Leite, mas também a José Sócrates, Paulo Portas, Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa e a outros líderes que sejam iluminados e façam o seu papel o melhor possível, pois não queremos ver aproveitamentos para mérito próprio, promoção profissional e vaidades, mas sim a sensibilidade para os problemas reais e sentido prático com soluções que sejam melhor para todos.
Um abraço. Fiquem bem.