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Citações

por Antonovsky, em 14.02.21

"Pensamos que somos livres, que podemos escolher de forma autónoma o nosso destino, os nossos gostos, a maneira de nos vestir ou de nos comportarmos (...) mas somos permanentemente induzidos a adoptar ações, decisões e atitudes. Com crescente subtileza os que decidem em nosso nome impõe-nos formas de vida, modelos sociais e ideologias, de modo a ficarmos submetidos aos seus desígnios. Isto é o que acontece, mais do que nunca, nos dias de hoje, quando entrou na moda a palavra "pós-verdade" para definir o contexto global de desinformação, ainda que na realidade fosse mais correto denominá-lo de "pré-mentira", "multimentira" ou "plurimentira", já que o que chega sobretudo ao público não é mais do que uma falsidade disfarçada de verdade."

Pedro Baños (2017) em "Os Donos do Mundo"

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publicado às 21:23


Citações

por Antonovsky, em 08.08.15

O declínio das instituições representativas, como os parlamentos ou os partidos políticos em favor de "Instituições Guardiãs" (como alguns autores designam) é uma tendência alarmante. Estas instituições cuja legitimidade assenta em pressupostos que favorecem uma administração tecnocrática e oligárquica, incluem bancos centrais, a burocracia da União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, empresas de consultoria e redes várias de "especialistas em políticas publicas. (...) Qualquer democracia pressupõe a existência de estruturas não eleitas das quais emanam decisões relevantes para a vida quotidiana: o sistema judicial, as forças armadas, as polícias e a administração pública. Mas todas estas instituições foram historicamente controladas e supervisionadas por executivos e parlamentos. A situação atual distingue-se na medida em que o novo estatuto das "instituições guardiãs" implica que sejam impermeáveis ao controlo popular."

Tiago Fernandes in, "A Sociedade Civil" Ensaios FFMS

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publicado às 20:58


IV República Portuguesa, que futuro?

por Antonovsky, em 28.07.15

Houve sinais e dores de parto cerca de dois anos antes com o regicídio, mas foi aos cinco dias do mês de Outubro de 1910 que a República nasceu. Por essa altura, os seus criadores não se entendiam e no meio da instabilidade, de sucessivos governos, inúmeras eleições, revoltas e cercos, ela foi crescendo desorientada, assistindo às clivagens abruptas na organização social, política e religiosa. Eram tempos de rebeldia de uma jovem Republica que até uma guerra mundial conseguiu ultrapassar, mas que nunca se encontrou enquanto solução para os problemas do país e finalizou a sua Primeira fase sem um fio condutor de objetividade e clarividência, muito por culpa de quem lutava por ela.
Decidiu, então, entrar em retiro, procurando a seriedade, idoneidade e responsabilidade que lhe faltavam. Cerca de 1926 entrou num novo período, restringiu a liberdade e a criatividade, para se voltar para dentro numa introspeção dolorosa e castrante, num sistema fechado de um pensamento único. Parecia querer redimir-se das rebeldias passadas, num retiro onde foi conduzida por mãos firmes e punitivas que não permitiam desvios no rumo traçado. Também passou incólume por várias guerras, a Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial, até esbarrar numa própria em três frentes que foi sustentada pelos seus jovens ao longo de treze anos e a qual foi uma das principais razões para que esta sua Segunda fase terminasse em Abril de 1974.
Tinha ficado autista, obcecada e azeda, mas Abril fê-la respirar de alívio e de novo sentiu-se jovem. Abriu os braços e recebeu os seus que estavam longe, libertou povos, muitas vezes sem ser da melhor maneira, mas era uma nova fase, atabalhoada e efervescente da democracia. Procurou orientação, pois a luz da liberdade de pensamento ideológico cegava-a e dava-lhe tonturas, já não eram as mãos ásperas e firmes que a conduziam sem lhe perguntar o caminho, mas muitas mãos a puxarem para um lado e para o outro. Entrava na sua Terceira fase e com o tempo lá encontrou o equilíbrio. Foram-lhe traçando o caminho, cometendo alguns erros, mas melhorando a qualidade de vida, a saúde e a educação. Verificaram que o “orgulhosamente sós” não era benéfico e, ao verde e vermelho da sua bandeira juntaram o azul e as estrelas da Europa, como se fosse um antigo navegador onde o azul reflete o mar e as estrelas o guia de uma nova orientação social e politica.
Mas a estabilidade também tem as suas desvantagens e, por vezes, surge comodismo e com ele os vícios implícitos, a capacidade crítica diminui e o ceticismo aumenta. A democracia perde qualidade e neste momento a Republica entra na sua Quarta fase, mas de um modo brando, sem revoluções. Como é algo que acontece de forma suave, alguns agentes políticos parecem não entender este aspeto e continuam nos seus jogos palacianos ultrapassados e prejudiciais a si próprios e à sociedade. Criam casos em copos de água, enquanto encobrem tempestades com artifícios e outros sistemas de elevada complexidade para o comum dos mortais, como convém.
Entretanto, alguns dos poderes concentrados e soberania da República, outrora indissociável, são lentamente cedidos para instituições europeias, enquanto empresas antes públicas são vendidas a empresas privadas e multinacionais. O sistema mudou e ninguém parece notar. A República vai guiada por mãos que já não são apenas lusas, mas são europeias, africanas,
americanas e asiáticas. Não estamos a conseguir adaptarmo-nos ao processo que nos é imposto, eventualmente, porque não é o mais adequado para o país e para a Europa. Sente-se que os objetivos previamente traçados pelos Estados membros da União Europeia, que deveriam ser agentes de congregação, transformaram-se em barreiras quase intransponíveis e causas fraturantes e até o mais básico e necessário, que é a Paz, encontra-se em risco com múltiplas ameaças e desafios.
A nossa Republica Portuguesa já não é jovem, mas está numa nova fase e segue confusa e magoada, pois passou por muito e não lhe dão o devido valor, bem vistas as coisas, provavelmente nunca deram. Por vezes, até a trataram mal e ultimamente parece que se esqueceram do seu aniversário e, assim, neste turbilhão de sentimentos, mais uma vez deixa-se levar sem um rumo bem definido e com pouca clarividência.

republica.jpg

 

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publicado às 11:33


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