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Quando nos perguntam porque fizemos isto ou aquilo, porque decidimos ou optámos de determinada maneira. Podemos responder de duas maneiras: Ou dizemos as verdadeiras razões ou, para preservá-las, podemos responder simplesmente: Cá por coisas...
Parece que estou a ver a cena... Após a leitura formal da sentença num Tribunal improvisado e sem condições, o arguído salta de pé em riste e atinge o homem de capa negra que presidia a audiência e, é claro, depois a confusão foi geral. Deveria parecer um arraial dos Santos Populares quando as coisas dão para o torto após muita cerveja e tintol, gera-se uma confusão que já não se sabe quem bate em quem, polícia, arguídos, familiares, advogados, funcionários, no meio de palavrões e ameaças a incitar, outros aos gritos para acalmar...enfim deve ter sido uma cena linda (estou a ser irónico, deveria notar-se pela minha expressão ou tom de voz, mas como isto é escrito, tenho de esclarecer) Portugal no seu melhor.
Meus amigos, nem com vinte polícias esta situação podia ser evitada, pois a uma distância de dois metros (segundo dizem) são dois passos que se dão ainda com maior rapidez quando se está enervado.
Mas o mais interessante é que parece que começa a ser habitual estas "revoltas" dos arguídos em pleno tribunal. O respeito começa a ser cada vez menos, começando nas escolas onde se retira toda a autoridade a quem deve ensinar/educar, depois passa pelas agressões aos polícias que ficam por julgar, sendo cada vez mais comum numa sociedade onde todos têm direitos, mas ninguém parece ter deveres e quando confrontados com algo que fizeram incorrectamente socialmente ou criminalmente, as pessoas discutem e agridem violentamente como se tivessem a razão do seu lado ou porque foram alvo de uma "cabala", ou ainda, porque a vida não lhes deu outra alternativa.
Agora chegou aos tribunais, onde já não lhe dizem nada aqueles homens vestidos formalmente em audiência e que aplicam (pelos menos, devem aplicar) as leis pelas quais a sociedade portuguesa se rege.
Porém, há outra coisa que contribui para esta revolta que é a impunidade aparente de certas figuras mediáticas que conseguem contornar a justiça. Estou a lembrar-me de casos mediáticos de presidentes de câmara e dirigentes desportivos, de fugas para o estrangeiro de arguídos e condenados e que depois voltam em grande ou se passeiam "lá fora" na maior das descontracções. Há ainda casos de figuras mediáticas que discutem em plena audiência com juizes, procuradores e polícias e saem como se nada tivesse acontecido. Depois há ainda os longos processos que se arrastam no tempo e que faz com que todos nós já temos a sensação que a "montanha vai parir um rato" e que ninguém fica preso ou que só fica apenas um para dar o exemplo, etc...
Tudo isto vem dar força aos outros que, sem tusto no bolso ou sem conhecimentos, não podem ou não conseguem dar a volta como os outros dão e acham-se injustiçados, não porque fizeram mal, mas porque outros fizeram mal e estão em liberdade.
Meus amigos, a justiça que deve ser cega, e deve doer seja a quem for, tem de funcionar de um modo transparente e correcto. Com condições de trabalho que vão desde o polícia de rua, de investigação, funcionários dos tribunais, procuradores e juizes, até ao cidadão-vítima que pede justiça e que tem direito a ser atendido no seu pedido e que por vezes é muito esquecido em todo o processo, pois fala-se muito nos direito dos arguídos (que obviamente têm de ter num Estado democrático e de direito) mas se esquece do desgraçado que foi prejudicado, maltratado ou pior.
Uma justiça credível é um dos pilares base para uma sociedade civilizada e agregada, caso contrário caminha-se para a desordem e o caos (exagerando um pouco, espero eu).
Faz falta um Texas Ranger estilo Chuck Norris, em português tinha de ser o Chico Nozes, ou um polícia João Claúdio (Van Damme) que fazem das coisas mais complicadas, coisas simples. Os maus vão presos e os bons vão para o bar com os amigos ou ficam com a míuda, não existem processos, papeladas, relatórios, é só rua, perseguições, uns socos e pontapés, uns tiros (aqui também morrem os maus) e pronto tá feito.
Fiquem bem.